‘Taxe os ricos’: a rara declaração política do CEO da Repsol, da Espanha

Josu Jon Imaz escreveu em coluna de opinião que projeto de lei do governo espanhol sobre impostos não atinge os ricos, mas prejudica empresas

A “demagogia do governo esconde uma mentira”, acrescentou, porque “não vai contra os ricos”
Por Rodrigo Orihuela
29 de Agosto, 2022 | 08:00 AM

Bloomberg — O governo da Espanha precisará ser valente se realmente quiser tributar os ricos, disse o principal executivo da maior petroleira do país em uma coluna de opinião na qual atacou a arrecadação de energia planejada pelo governo espanhol.

O imposto, que visa recuperar os lucros das concessionárias de energia e empresas de combustível em meio à inflação crescente, é “discriminatório” porque só atinge determinados setores e empresas de um determinado tamanho, disse o presidente-executivo da Repsol, Josu Jon Imaz, no jornal El Pais de 28 de agosto.

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A taxa não tributa os ricos, escreveu Imaz. “Não é sobre aqueles que ganham mais”, disse ele. “Se é isso que eles querem, peço ao governo que seja corajoso” e aumente o imposto de renda e as taxas sobre o capital, e tribute quem tem dinheiro. A “demagogia do governo esconde uma mentira”, acrescentou, porque “não vai contra os ricos”.

Imaz também disse que o imposto prejudicará a capacidade das empresas de investir em transformação e emprego industrial. O CEO disse que acredita em impostos e paga os seus “com prazer”, e que pode estudar a vida toda com bolsas porque outros pagavam impostos.

O governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sanchez está se preparando para enviar ao Congresso o imposto sobre lucros divulgado no final de julho com o objetivo de aplicá-lo em 2023, juntamente com outro imposto semelhante sobre os bancos. Em abril, o governo também estabeleceu um subsídio para o combustível na bomba, com as empresas petrolíferas obrigadas a pagar um quarto e o governo pagando o restante.

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Os comentários do CEO da Repsol são raros na Espanha, onde os altos executivos dificilmente assumem posições públicas tão fortes. Imaz tem uma vasta experiência política, tendo servido por vários anos na década de 2000 como líder do Partido Nacional Basco, que às vezes atua como um importante aliado de Sanchez no fragmentado parlamento espanhol.

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