‘Quem dá o timing das reformas econômicas é a política’, diz Guedes

Para o ministro, decidir qual é a reforma mais importante a ser realizada é uma resposta simples: ‘a próxima’

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Bloomberg Línea — “A covid-19 interrompeu a lógica reformista e criou a lógica de que, mesmo tendo um modelo dinâmico, onde quem te dá o timing das reformas econômicas é a política”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quarta-feira (18), em evento do banco BTG Pactual ao falar sobre as reformas realizadas e não realizadas durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Guedes, “nunca perdemos o Norte, no meio da confusão é importante não perder a bússola” — ou seja, as reformas prometidas pelo governo e pelo ministério. Para o ministro, decidir qual é a reforma mais importante a ser realizada é uma resposta simples: “a próxima”.

“Na hora que a inflação começa a subir, é a hora de você tornar o Banco Central independente. Na hora em que as empresas estão caindo, é a hora que você vai aprovar a lei de falência. Na hora que descobrimos milhões de brasileiros expostos a uma doença, sem água corrente, é a hora que você vai aprovar o saneamento. As janelas de oportunidade se vão abrindo, — elas se abrem e se fecham o tempo todo. Ou você as usa, ou você perde. Na tributária nós perdemos”, disse ele, se referindo à reforma tributária, proposta que visa a substituição de tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS por um Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS).

Ainda durante o painel, mediado por Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional do Brasil, Guedes disse que a reforma da Previdência, aprovada em 2019, foi o que ajudou o Brasil a “ter um bom desempenho durante a pandemia”.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), por sua vez, afirma que o país perderá até US$ 240 bilhões (R$ 1,260 trilhão) até 2025 por conta dos efeitos da covid-19 na economia.

Além disso, em relação ao teto de gastos, Guedes disse que “ele serve para não deixar as despesas com a máquina subirem”. “O teto é bom para controlar o país, mas quando as pessoas começam a morrer de covid-19, aumentam-se os gastos. O controle das despesas públicas é uma mudança de eixo. O Brasil, em vez de ser uma economia dirigida pelo estado, agora é uma economia de mercado de consumo de massa”, continuou. “O Brasil gasta muito. E o grande desafio para o país é mudar a composição de gasto.”

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