Presidente da Câmara defende novo desenho do teto de gastos

Arthur Lira, do Progressistas, acredita que próximo Congresso será de centro-direita e conservador e continuará a aprovar reformas

Para Lira, qualquer presidente eleito "precisa saber que tem o congresso naciona no meio para fazer o contraponto das decisões"
18 de Agosto, 2022 | 06:25 PM

Bloomberg Línea — O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), afirmou nesta quarta-feira (18), em evento do banco BTG Pactual, que é preciso realizar um novo desenho do teto de gastos do Brasil. “Se tivermos de fazer um redesenho, ele tem de ser antecedido pela ratificação do teto fiscal”, disse ele.

“Apesar das críticas disso e daquilo, sempre soubemos separar o que é A e o que é B, sempre dizemos que não existe terceira via. Eu sou extremamente otimista com o nosso país, nosso povo sabe conviver com crise, e o Congresso com solavancos”, afirmou, fazendo uma previsão: “O próximo Congresso será de centro-direita e conservador, no sentido de continuar a ser reformista, de fazer privatizações que são essenciais, e de fazer com que essas coisas aconteçam.”

Lira defende a tese de uma Câmara mais conservadora porque, segundo ele, foram feitos estudos em algumas regiões do país que mostraram que a base de esquerda não deve crescer, enquanto a de partidos de centro e de direita deve se manter a mesma ou até mesmo aumentar.

“Quando nós fizemos um levantamento das bancadas de algumas regiões do Brasil, não houve um crescimento nos partidos de esquerda, o que mostra a possibilidade de uma menor renovação no Congresso. Assim, teremos mais deputados de direita e de centro, e vamos ter a grande dificuldade do governo de coalizão”, afirmou. “Se for o Bolsonaro, ele já terá uma base mais estabelecida. Já o Lula terá de construir uma base ou voltar para movimentos antigos. Temos que repensar isso em um Congresso que tem mais responsabilidade no que vota”, continuou.

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Para Lira, “a única coisa não permitida para os presidentes do Senado e da Câmara é ficar inerte”.

“Nesse contexto, acho que todas as discussões devem ser realizadas. O governo fraquejou em sua base. O Congresso de agora é mais liberal, e precisamos discutir sobre como não se pode trabalhar com o Orçamento congelado. Sobra para todo o Brasil 4% dos investimentos do orçamento secreto”, disse.

Sobre o fato de apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL) publicamente, Lira afirmou que existem dois papéis em sua vida: o de deputado e o de presidente da Câmara. “Enquanto presidente, não faço juízo de valor, levo pancada, tudo isso é fruto do jogo político. Eu, como deputado, preciso me eleger, preciso votar, preciso me posicionar, quem não faz política em seu estado, em seu local, não faz nada”, afirmou.

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Ainda sobre a disputa entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT), que lidera as pesquisas de intenção de votos, Lira acredita que “qualquer presidente eleito, seja ele Lula, seja Bolsonaro, precisa saber que tem o congresso nacional ali no meio para fazer o contraponto das decisões”.

E essa não foi a primeira vez em que o deputado mostrou seu desejo para mudar as regras do teto. No começo de agosto deste ano, em evento da XP Investimentos, Lira disse que “fará microcirurgias” nas questões fiscais, “mantendo o teto enquanto puder”.

Em julho, ele negou que o teto tinha “buracos”, afirmando que “medidas para elevar a renda da população, garantido o respeito às contas públicas, deverão ser discutidas na elaboração do Orçamento da União para 2023″ e que ”a proposta do Poder Executivo será enviada no final de agosto”, segundo a Agência Brasil.

“É preciso encontrar caminhos para o suporte orçamentário dessas despesas se por acaso quisermos perenizar isso lá na frente. Hoje nós não temos essa abertura orçamentária, nós temos abertura financeira”, afirmou ele, ainda segundo a agência.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.