Eletrobras: Wilson Ferreira volta como CEO e bancos apontam ganho potencial

Novo conselho de administração elegeu o executivo que comandou a estatal de 2016 a 2021 como novo CEO; posse será até 20 de setembro

Eletrobras foi privatizada em junho deste ano e, menos de dois meses depois, elegeu novo conselho de administração e novo CEO
06 de Agosto, 2022 | 10:55 AM

São Paulo — O executivo Wilson Ferreira Júnior, que deixou o comando da Vibra Energia (VBBR3), ex-BR Distribuidora, no mês passado, será o novo CEO da Eletrobras (ELET3, ELET6), agora privatizada. Ele foi eleito pelo novo conselho de administração na noite de sexta-feira (5). A decisão do board marca o retorno do executivo ao cargo que ocupou por quase cinco anos, de julho de 2016 a março de 2021.

A escolha de Ferreira Junior era esperada no mercado. A posse será até 20 de setembro, segundo comunicado da companhia.

O novo conselho foi eleito também ontem em AGE (Assembleia Geral Extraordinária), com oito dos 10 membros tomando posse, com exceção de Carlos Augusto Leone Piani e Octavio Cortes Pereira Lopes, que terão o prazo de até 30 dias para se desincompatibilizar de outras funções para que possam assumir.

O novo conselho terá mandato uniforme até 2025, segundo aprovação também da AGE.

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Bancos de investimento apontam que a nova gestão da Eletrobras, contando novo conselho e nova diretoria, potencializam a perspectiva de valorização - upside - das ações da companhia. Desde a venda do controle pelo governo federal, em junho, a alta do papel ordinário chega a quase 20%.

Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras (PETR3, PETR4) e recém-nomeado chairman do Wealth & Investment Banking do Credit Suisse no Brasil, foi eleito presidente do conselho, enquanto o consultor Vicente Falconi será o seu substituto quando houver necessidade. Rodrigo Limp, o atual CEO até a posse de Ferreira, será o diretor de regulação e relações institucionais, cargo que ele acumula.

A eleição do novo conselho e do novo CEO era considerada uma etapa fundamental pelo mercado para a definição da nova estratégia da companhia para os próximos anos.

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“Dado que a próxima eleição do board não ocorrerá até 2025, o novo board terá tempo para definir a estratégia para a companhia”, avaliou um relatório do Itaú BBA, divulgado no último dia 2, que já apontava o nome de Ferreira como o favorito para o cargo.

“A Eletrobras é nossa principal escolha no setor de utilities [setor de serviços públicos], baseada no seu imenso tamanho, no valuation muito atrativo, na forte geração de caixa e na capacidade de pagar dividendos muito elevados no médio prazo”, apontaram analistas no relatório.

Catalisadores de valor

Já o banco norte-americano Goldman Sachs manteve sua recomendação de compra para o papel da Eletrobras, elevando o preço-alvo de R$ 46 e 51 (ELET3 e ELET6, respectivamente) para R$ 61 e 67, segundo relatório divulgado no último dia 2. A instituição explicou ter atualizado seu modelo para a Eletrobras para incorporar benefícios que enxerga após a privatização da companhia.

O desempenho da ação deve também se beneficiar do momento positivo no curto prazo, enquanto os próximos passos depois da capitalização devem atuar como catalisadores, enquanto a otimização de capital poderia levar ao pagamento de dividendos elevados”, comentou o Goldman Sachs.

O BTG Pactual também incluiu a ação da Eletrobras (ELET6) em sua carteira recomendada de 10 papéis para o mês de agosto, incluindo também Vibra, Petrobras (PETR4), WEG (WEGE3), Banco do Brasil (BBAS3), Localiza (RENT3), Sabesp (SBSP3), Renner (LREN3), Totvs (TOTS3) e Minerva (BEEF3).

“Com a Eletrobras agora uma sociedade anônima e com o iminente retorno do conceituado Wilson Ferreira como CEO não faltam oportunidades para melhorar a eficiência operacional e os resultados. A ELET também é negociada a uma TIR [Taxa Interna de Retorno] real atrativa de 12,8%”, destacou a equipe do BTG.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.