Copom eleva Selic para 13,75% e sinaliza nova alta, mas de menor magnitude

Comitê do BC apontou considerar apropriado que o ‘ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista’

Taxa básica de juros foi mais uma elevada nesta quarta-feira, agora para 13,75% ao ano
03 de Agosto, 2022 | 06:38 PM

Bloomberg Línea — Em linha com as expectativas predominantes do mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) acaba de anunciar nesta quarta-feira (3) um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, para 13,75% ao ano. A taxa estava em 2% ao ano no início do processo de aumento de juros, em março de 2021. A decisão foi unânime.

Esta foi a penúltima reunião antes do primeiro turno das eleições. A próxima será nos dias 20 e 21 de setembro.

Em seu 12° aumento consecutivo, o comitê apontou, em comunicado, considerar “apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista” e “avalia necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”.

“O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas”, diz o texto.

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“Nota ainda que a incerteza da atual conjuntura, tanto doméstica quanto global, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação.”

Quanto à pressão dos preços, “o Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário”.

Analistas e economistas avaliam o teor do comunicado e vão buscar por mais pistas sobre o fim do ciclo de aperto monetário na ata da reunião, esperada para a próxima terça (9).

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Alguns analistas consideravam que o BC poderá encerrar o ciclo de aperto monetário nesta semana diante de fatores como o risco de recessão global, que pesa sobre as cotações de commodities, e a desaceleração recente da inflação brasileira com o corte de impostos promovido pelo Congresso.

Mas, apesar do alívio atual da inflação, o mercado tem elevado as projeções para o IPCA em 2023 diante do aumento dos gastos sociais, bem como da esperada reversão, ao menos parcial, da desoneração tributária no próximo ano.

No último relatório Focus divulgado na segunda-feira (1°), analistas de mercado elevaram as projeções para a taxa básica de juros ao fim de 2023 de 10,75% para 11% ao ano. As expectativas de inflação recuaram de 7,30% para 7,15% neste ano, enquanto subiram de 5,30% para 5,33% em 2023.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.