Itaú BBA corta projeção para Ibovespa em 2022 e aponta ações que vão resistir

Banco está cauteloso com empresas domésticas e tem ampliado exposição às commodities; bancos e utilities também estão entre preferidos

Em carteira recomendada, Itaú BBA substituiu as ações de WEG e Intelbras pelas de Gerdau e Suzano
27 de Junho, 2022 | 03:16 PM

Bloomberg Línea — O Itaú BBA decidiu cortar seu preço-alvo para o Ibovespa (IBOV) ao final de 2022, de 115 mil para 110 mil pontos, justificando um cenário mais desafiador para as ações brasileiras no curto e médio prazos. A nova projeção implica potencial de alta de 11,5% ante o fechamento de sexta-feira (24).

Em relatório divulgado nesta segunda (27), o banco destaca que o novo preço-alvo reflete um cenário de juros mais elevados por mais tempo, uma vez que a inflação continua elevada, pressionando a atividade econômica. Também pesa no sentimento o aumento do risco fiscal em meio a projetos de lei para reduzir os preços dos combustíveis.

Nesse contexto, o BBA tem se mantido cauteloso na exposição a empresas domésticas, favorecendo a alocação no setor de commodities, dados os valuations atrativos. “Ainda vemos um cenário mais difícil para o mercado local devido aos juros elevados. Também estamos reduzindo nossa exposição a nomes de alto duration, pois esperamos que continuem sofrendo no curto prazo”, escrevem os estrategistas Marcelo Sá e Matheus Marques, no documento.

Com isso, o banco incluiu em sua carteira recomendada as ações de Gerdau (GGBR4) e Suzano (SUZB3), excluindo da seleção os papéis de WEG (WEGE3) e Intelbras (INTB3). Enquanto Gerdau tem entregado fortes resultados nos últimos trimestres e é menos exposta aos preços do ferro, Suzano tem tido um fraco desempenho na Bolsa apesar dos bons fundamentos, em um ambiente de relação entre oferta e demanda apertada, escreve a dupla.

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As preferidas do BBA na Bolsa

Na Bolsa brasileira, a preferência do Itaú BBA tem sido por empresas de “valor” em detrimento das de “crescimento”. A casa tem ampliado a exposição ao setor de commodities, dado o valuation atrativo, e alocado em papéis de grandes bancos e de utilities, como forma de proteção contra a inflação.

Confira, a seguir, as ações preferidas do Itaú BBA:

EmpresaTicker
MultiplanMULT3
TotvsTOTS3
EletrobrasELET3
EnergisaENGI11
Petrobras (PN)PETR4
GerdauGGBR4
SuzanoSUZB3
ValeVALE3
BTG PactualBPAC11
Banco do BrasilBBAS3

Na carteira, Multiplan (MULT3) é o único nome com exposição à atividade econômica, enquanto Totvs (TOTS3) foi mantida devido ao potencial de valorização ante os níveis atuais, “combinado com proteção à inflação, fluxos de caixa previsíveis e perspectivas de crescimento atrativas”.

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O Itaú BBA também diz estar otimista em relação ao grupo de utilities, apesar das taxas de juros mais altas, pois há ainda empresas de qualidade com proteção contra o aumento dos preços, negociando com valuations atraentes. É o caso de Eletrobras (ELET3) e Energisa (ENGI11), segundo Sá e Marques.

No setor financeiro, os estrategistas seguem vendo um momento favorável para ganhos e valuations atrativos tanto em BTG Pactual (BPAC11) quanto no Banco do Brasil (BBAS3). “Esperamos que o cenário de altas taxas de juros se traduza em melhores NIIs [receitas líquidas de juros, na sigla em inglês] para grandes bancos, pois observamos de perto os NPLs e a dinâmica de crescimento da carteira de empréstimos”, escrevem no relatório.

Com relação às commodities, apesar da visão de que a economia global deva crescer menos, a opção foi por aumentar a exposição e manter entre as preferidas as ações de Vale (VALE3) e de Petrobras (PETR4), dado os valuations atrativos e bons rendimentos de dividendos.

Segundo o BBA, apesar do fluxo de notícias políticas recentes e possíveis mudanças na política de preços de combustível da Petrobras, os papéis foram mantidos dado a geração de fluxo de caixa ainda muito atraente e o múltiplo EV/EBITDA (valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) implícito, mesmo assumindo que a Petrobras vende combustível abaixo paridade internacional. “Além disso, esperamos que a empresa tenha um rendimento de dividendos muito alto”, completam.

Já a visão cautelosa recai sobre os setores de pagamentos, tecnologia, construtoras, saúde e varejo, que se prejudicam em um cenário macro difícil com altas taxas de juros.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.