Powell: Fed subestimou a inflação após a chegada das vacinas

Presidente do BC americano disse ontem, em depoimento ao Senado, que há risco de recessão para a economia

Jerome Powell
23 de Junho, 2022 | 11:18 AM

Bloomberg Línea — Após uma das declarações mais contundentes até aqui sobre os riscos de contração da economia dos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a falar com congressistas americanos sobre o aumento dos juros no país. Durante a resposta às colocações da senadora republicana Ann Wagner, Powell declarou que, “com o benefício da retrospectiva”, o Fed subestimou o avanço da inflação no final da pandemia.

Ele também disse que a luta contra a inflação é “incondicional” e que é “significativamente mais desafiador” reduzir a inflação sem impactar o mercado de trabalho.

O depoimento desta quinta-feira (23) acontece perante à Câmara dos Representantes do Congresso americano.

As taxas de juros nos Estados Unidos foram elevadas na última semana em 0,75 ponto percentual, no maior aumento desde 1994, em 28 anos. A taxa está atualmente no intervalo entre 1,50% e 1,75% e, segundo as estimativas dos integrantes do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto), deve chegar a 3,8% ao fim de 2023.

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Veja os comentários de Powell na sessão desta quinta:

  • Não queremos que uma stablecoing privada se torne um dólar digital
  • Está chegando a hora da regulamentação de stablecoins e finanças digitais, é importante fazê-lo rapidamente
  • Eu seria relutante em cortar as taxas [de juros]
  • O crescimento este ano ainda deve ser bastante forte
  • Os EUA estão em um caminho fiscal insustentável
  • Os mercados financeiros têm funcionado bem, o sistema bancário é muito forte e bem capitalizado
  • Planejamos trabalhar no lado político e tecnológico nos próximos anos
  • Estamos fazendo um grande trabalho explorando a moeda digital do banco central, mas devemos explorar isso como um país
  • O caminho ficou mais desafiador devido aos preços dos alimentos e dos combustíveis
  • Nossa intenção é alcançar um pouso suave, mas o caminho para fazer isso tem se tornado cada vez mais desafiador
  • O Fed girou quando viu que a inflação do lado da oferta não diminuiu
  • Com a sinalização do fim da pandemia, as vacinas no horizonte, a expectativa era que os preços parassem de subir
  • Com o benefício da retrospectiva, o Fed subestimou a inflação
  • O mercado de trabalho está superaquecido
  • Existe o risco de que o desemprego suba, mas lembre-se, é de um nível historicamente baixo
  • A inflação nos EUA é consequência de uma demanda muito forte
  • É possível ter um mercado de trabalho forte e ao mesmo tempo conter a inflação
  • O desafio agora é que estamos apertando [a política monetária], o que deve reduzir o crescimento
  • Os EUA têm uma economia muito forte e bem recuperada
  • Os efeitos do encolhimento do balanço patrimonial serão marginais em comparação com o impacto do aumento das taxas de juros
  • É significativamente mais desafiador reduzir a inflação sem impactar o mercado de trabalho
  • Precisamos de um período sustentado de emprego máximo e reduzir a inflação é necessário para fazer isso
  • O mercado de trabalho está insustentavelmente aquecido
  • Temos um compromisso incondicional de combater a inflação
  • À medida que a economia volta ao normal, esperamos que as margens de lucro [das empresas] também se normalizem
  • Está claro que nossa economia se tornou mais concentrada

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.