Suíça importa ouro da Rússia pela primeira vez desde invasão na Ucrânia

Aceite do metal russo pode representar certa flexibilização do Ocidente com relação aos embargos

Após refinarias se recusarem a importar o metal da Rússia, posição pode estar mudando
Por Eddie Spence
22 de Junho, 2022 | 11:54 AM

Bloomberg — A Suíça importou ouro da Rússia pela primeira vez desde a invasão na Ucrânia, mostrando que a posição do setor em relação aos metais preciosos do país pode estar se flexibilizando.

Mais de três toneladas de ouro foram enviadas da Rússia para a Suíça em maio, segundo dados da Administração Federal Aduaneira da Suíça. Essa é a primeira remessa entre os países desde fevereiro.

Os envios representam cerca de 2% das importações de ouro para o polo de refino no mês passado. E também podem ser um marco da mudança na percepção do ouro russo, que se tornou um tabu após a invasão. A maioria dos refinadores juraram não aceitar ouro da Rússia depois que a London Bullion Market Association retirou os próprios fabricantes do país de sua lista credenciada.

Embora a atitude tenha sido considerada um embargo propriamente dito do ouro russo no mercado de Londres (um dos maiores do mundo), as normas não proíbem que o metal seja processado por outras refinarias. A Suíça abriga quatro grandes refinarias de ouro, que juntas manejam dois terços do ouro do mundo.

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Importação de ouro da Rússia para a Suíça desde agosto de 2021dfd

Quase todo o ouro foi registrado pela alfândega como sendo para refino ou outro tipo de processamento, indicando que uma das refinarias do país o levou. As quatro maiores – MKS PAMP, Metalor Technologies, Argor-Heraeus e Valcambi – disseram que não ficaram com o metal.

Em março, pelo menos duas grandes refinarias de ouro se recusaram a refazer as barras russas, embora as normas do mercado permitissem fazê-lo. Outras, como a Argor-Heraeus, disseram que aceitariam produtos refinados na Rússia antes de 2022, desde que houvesse documentos comprovando que o ouro não havia sido exportado da Rússia após o início da guerra, e que aceitar esse ouro não beneficiaria a Rússia ou uma pessoa física ou jurídica da Rússia em qualquer parte do mundo.

Alguns compradores continuam cautelosos a respeito dos metais preciosos da Rússia, incluindo as barras cunhadas antes da guerra que ainda são passíveis de comercialização nos mercados ocidentais. No que diz respeito ao paládio, o metal criou uma diferença persistente entre os preços à vista em Londres e futuros em Nova York devido ao maior risco de recebimento de lingotes vindos da Rússia nos EUA.

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A Suíça vem importando pequenas quantidades de paládio da Rússia – maior minerador do metal no mundo – desde abril.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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