Eletrobras: prazo de reserva da oferta acaba hoje com demanda acima do esperado

Oferta pública subsequente deve movimentar R$ 35 bilhões. Veja as informações para quem deseja avaliar se vale a pena aderir

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São Paulo — O processo de capitalização da Eletrobras (ELET3, ELET6) avança com o fim do prazo de reserva das ações pelos investidores nesta quarta-feira (8). A expectativa do mercado é que a oferta pública movimente mais de R$ 35 bilhões, já que a demanda esperada teria superado R$ 50 bilhões.

Nesta quinta-feira (9), está prevista a precificação do papel, ou seja, a definição do preço por ação. Quem tem conta do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) poderá usar os recursos para participar da operação, via fundos mútuos de participação (FMP), com aporte mínimo de R$ 200.

Passo a passo da oferta

Desde a última sexta (3), por meio do aplicativo do FGTS, todo trabalhador que more no Brasil e que possui conta vinculada ao FGTS, ativa ou inativa, pode verificar o saldo disponível para aplicação em Fundos Mútuos de Privatização (FMPs) da companhia, segundo nota da Caixa.

As reservas de saldo poderão ser feitas até o fim desta quarta (8) junto à instituição financeira escolhida e autorizada pelo trabalhador. É possível utilizar até 50% do saldo disponível na conta do FGTS.

Uma informação fundamental para o investidor é observar a taxa de administração que será cobrada pela instituição financeira no fundo (veja quadro abaixo). É importante comparar as taxas e escolher as menores, desde que em banco ou corretora de confiança do investidor e com idoneidade no mercado.

A aplicação dos recursos pode ser realizada pelo trabalhador na empresa financeira de sua escolha, dentre aquelas habilitadas a operar com o FMP do FGTS. Mas, antes, é preciso que o interessado acesse o app do FGTS e autorize a instituição a consultar o saldo disponível de sua conta vinculada para daí então realizar a reserva dos valores.

Além do aplicativo do FGTS, o trabalhador poderá, nas agências da Caixa, consultar o saldo disponível para aplicação em FMP, simular a aplicação e autorizar uma instituição financeira a efetuar a reserva dos valores para aplicação nesse fundo.

Após a autorização, o trabalhador deverá entrar em contato com a instituição financeira administradora do FMP-FGTS escolhida para informar os valores que deseja aplicar. Todo relacionamento do trabalhador para efetivar a aplicação se dará com a instituição selecionada, que passará a ser responsável pela aplicação dos valores de suas contas FGTS, segundo a Caixa.

O que dizem os especialistas

“Desconhecido pela quase totalidade dos investidores, os Fundos Mútuos de Privatização (FMPs) trazem uma oportunidade de diversificação, conforme o perfil de cada investidor, no mercado de ações”, disse Paulo Saad, sócio da WFlow, assessoria de investimentos credenciada à XP.

O especialista lembra que o FGTS entrega rentabilidade ao trabalhador de TR + 3% ao ano, o que fica muito abaixo da inflação, que está na casa de dois dígitos. Trocar essa correção por ações de empresas como Eletrobras, Petrobras ou Vale proporciona maior volatilidade ao investimento, mas pode trazer rentabilidade acima da oferecida pelo FGTS no médio prazo. Quem participar da operação terá de permanecer com o ativo por um período mínimo de um ano (regra conhecida como lockup).

“No mercado de ações, os preços variam todos os dias, mas, no longo prazo, empresas existem para ganhar mais valor que 3% ao ano, e com isso suas ações valorizam. Quem investiu o FGTS na Petrobras há 12 anos teve ganhos bem superiores a TR + 3% ao ano. É um investimento de longo prazo como também é o FGTS, valor que acumulamos para usar quando não trabalharmos mais”, disse Saad, ressaltando que rentabilidade passada não significa garantia de retorno futuro.

Relatório divulgado pela Suno Research traça perspectivas positivas para a Eletrobras após a capitalização. “Acreditamos que a desestatização possibilitará melhorias operacionais e financeiras significativas. Haverá uma maior otimização de custos e despesas, além de melhorias e otimização da estrutura de capital e da eficiência fiscal”, afirma o documento da casa de análise enviado aos clientes.

A recomendação da Suno ao investidor é para que participem da oferta. “Apesar de as ações da Eletrobras atualmente estarem cotadas um pouco acima do nosso preço-teto estipulado para novos aportes, recomendamos a utilização do saldo e a adesão à oferta.”

“Em primeiro lugar, é importante destacar que o nosso preço-teto para aportes contempla uma margem de segurança extra de 20% em relação ao valor que consideramos justo para as ações da companhia. Sendo assim, ainda consideramos que as ações da empresa estão cotadas a preços que justifiquem um aporte nessa situação específica, dado que o custo de oportunidade do dinheiro alocado no FGTS (que atualmente rende apenas 3% ao ano) é bastante baixo”, justifica a Suno.

O risco de alguma ação jurídica para suspender o processo de capitalização é descartado por analistas. Na última segunda-feira (6), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro derrubou uma liminar que impedia a Assembleia Geral de Debenturistas de Furnas marcada para votar um aporte de R$ 1,58 bilhão na Mesa (Madeira Energia), uma operação considerada essencial para dar andamento à oferta.

O economista Adriano PIres, um dos consultores mais infuentes do setor de energia e petróleo & gás, descartou também risco de trava na reta final da operação. “Quem comprar ações da Eletrobras e aguardar vai ganhar dinheiro. Vai ser uma operação de sucesso como foi a da Vale”, avaliou.

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