Americanos ignoram avisos de recessão e largam empregos

Cerca de 4,4 milhões de americanos deixaram seus empregos voluntariamente em abril, segundo pesquisa, para o nível mais alto desde 2000

Funcionários nos EUA continuam a se demitir em ritmo recorde, e muitos sabem que as perspectivas macroeconômicas começaram a piorar
Por Charlie Wells e Claire Ballentine
06 de Junho, 2022 | 04:39 PM

Bloomberg — Os americanos não param de largar seus empregos. Nos dois anos da chamada “Great Resignation” – o abandono sem precedentes de postos de trabalho nos Estados Unidos durante a pandemia – a economia mudou muito. A inflação corre solta, crescem os temores de recessão e o mercado de ações ficou turbulento.

Mas funcionários continuam a se demitir em ritmo recorde, e muitos sabem que as perspectivas macroeconômicas começaram a piorar.

Segundo dados mais recentes, 4,4 milhões de americanos deixaram seus empregos voluntariamente apenas em abril. Este é um dos níveis mais altos desde 2000. E a tendência não mostra sinais de desaceleração: um terço dos trabalhadores americanos disse que estava pensando em se demitir nos próximos seis a 12 meses, de acordo com uma pesquisa recente da empresa de recursos humanos Mercer.

Os pedidos de demissão continuam apesar de os líderes de algumas das maiores empresas dos EUA alertarem para um “risco muito, muito alto” de recessão e um “furacão” econômico. Há também sinais precoces de uma mudança no mercado de trabalho, com empregadores como o bilionários Elon Musk falando de demissões.

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O percentual de trabalhadores se demitindo voluntariamente permanece estáveldfd

Isso não impediu Alma Molina, uma estrategista política de 36 anos que vive no estado de Washington, de deixar seu emprego. Como muitos, Molina viu outras saídas – algumas repentinas, algumas tristes, outras precipitadas – e sabia que queria sair de uma maneira que ajudasse sua carreira e seu estilo de vida. A recessão foi levada em consideração, disse ela, mas está confiante de que pode enfrentar o que vier.

Em dezembro, ela procurou Joe Bautista, fundador do serviço de consultoria financeira Grow With Joe. Eles elaboraram um plano para uma quantia gerenciável de dívidas de cartão de crédito e calcularam que, como Molina tinha conseguido poupar ao longo dos anos, ela poderia se aposentar com US$ 200.000 por ano, mesmo com algum tempo longe do trabalho. Ela deu a seu empregador dois meses de aviso prévio e saiu no meio de abril.

Desde então, ela se reuniu em Miami com amigos da faculdade, cuidou de uma avó doente, ajudou sua família a financiar uma reforma de cozinha, fez alguns treinamentos de liderança e até participou de sessões em todo o país para aprender mais sobre cura prânica (um tipo de terapia natural), tudo isso enquanto planeja como construir seu próprio negócio.

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