Mercados sobem em manhã volátil, afetada por Fed e China

Depois de muito vaivém na manhã de hoje, bolsas europeias e futuros de índices nos EUA voltam a inclinar-se para o campo positivo

As variáveis que orientarão os mercados
26 de Maio, 2022 | 08:45 AM

Barcelona, Espanha — Variações frágeis em meio à volatilidade. Durante esta manhã, tanto as bolsas europeias como os contratos indexados aos índices acionários de Wall Street já visitaram os campos negativos e positivos. Se de um lado a ata do Federal Reserve (Fed) não trouxe surpresas, o que em um ambiente de incertezas representa uma boa notícia, de outro mercado remói as conjecturas sobre o futuro econômico da China - e, claro, como isso vai respingar ao redor do globo.

Os mercados nos Estados Unidos viraram e, instantes atrás, os contratos futuros de índices subiam. Entre as notícias corporativas, destaque para as da Nvidia Corp. (com mais de 5% de queda no pré-mercado), que forneceu piores perspectivas nas vendas com o cenário econômico desafiador. A Apple também cedia: a companhia pediu a seus fornecedores que montem aproximadamente 220 milhões de iPhones este ano, em linha com o total de 2021, mas muito abaixo das expectativas dos analistas de 240 milhões de unidades. Já as ações do Twitter Inc. subiam, depois que o bilionário Elon Musk modificou o financiamento para sua proposta de compra da plataforma de mídia social.

O índice Stoxx Europe 600 apresentava um ganho modesto. As ações de energia estavam entre as com melhor desempenho, pois o petróleo subiu em meio a dados que mostraram uma redução ainda maior nos estoques de petróleo bruto e de gasolina nos EUA.

Os rendimentos do Tesouro dos EUA e o dólar caíam com o aceno de que o banco central norte-americano poderia, no futuro, voltar atrás em sua política monetária restritiva, caso a evolução da economia o permita.

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Estes são os principais temas das mesas de operações hoje:

🇨🇳 Corda tensa. O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, deu seu mais duro aviso até agora sobre a economia, que está sob grande tensão devido aos surtos de Covid e aos lockdowns. Segundo ele, em alguns aspectos o país está pior do que em 2020, quando surgiu a pandemia. Economistas consultados pela Bloomberg prevêem que a economia chinesa crescerá 4,5% este ano, bem abaixo da meta do governo de cerca de 5,5%. A avaliação geral é de que a política de Covid Zero tornará a meta de crescimento da China quase impossível.

🏦 A não-notícia que reconforta. Os investidores comemoraram o fato de o Fed, na ata divulgada ontem, não se mostrar inclinado a uma política monetária ainda mais restritiva. Sinalizou que continuará, nas duas próximas reuniões, a elevar o custo do dinheiro em 0,5 ponto percentual para calibrar a elevada inflação. Mas que pode, mais adiante, mudar de marcha, dependendo da evolução da economia.

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💡 Política monetária sob os holofotes. O Banco da Coreia aumentou sua taxa de juros de referência nesta quinta-feira, embarcando com outros pares mundiais no combate à persistente e elevada inflação. Ontem, foi a vez de a autoridade monetária da Nova Zelândia subir o custo do dinheiro. Em rumo contrário, hoje o banco central da Rússia reduziu sua taxa de juros pela terceira vez em pouco mais de um mês, de 14% para 11%, e disse que os custos de empréstimo podem cair ainda mais, numa ação que visa conter a disparada do rublo.

O panorama da manhãdfd

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+0,60%), S&P 500 (+0,95%), Nasdaq Composite (+1,51%), Stoxx 600 (+0,63%), Ibovespa (0,00%)

Os ganhos foram impulsionados pelas atas do Fed, já que não sinalizaram uma abordagem mais radical para conter a inflação. Embora a maioria dos formuladores de políticas veja um aumento de meio ponto percentual nas duas próximas reuniões, eles sugeriram na ata uma possível pausa, mais adiante, ao neste ano. O petróleo subiu depois que o governo dos EUA informou que os estoques de combustível do país caíram a um ritmo mais lento e que as refinarias aumentaram a produção para o nível mais alto em anos.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: PIB/1T22, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego; Gasto dos Consumidores/1T22; Vendas Pendentes de Moradias/Abr; Índice de Atividade Industrial Fed Kansas/Mai

Europa: Itália (Vendas da Indústria/Mar)

Ásia: Japão (IPC - Tóquio/Mai); China (Lucro Industrial Chinês/Abr); Hong Kong (Balança Comercial)

América Latina: Brasil (Índice de Evolução de Emprego do CAGED/Abr; Transações Correntes/Mar); México (Vendas no Varejo/Mar)

Bancos centrais: Decisão sobre juros do banco central da Coreia

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Balanços: Royal Bank of Canada, Dollar General, Lenovo, Alibaba, Baidu, Macy’s, Dollar Tree, Costco, Marvell, Autodesk

📌 Para amanhã:

Nos EUA: Índice de Preços PCE/1T22; Renda e Gastos Pessoais; Estoques do Atacado; Índice de Confiança do Consumidor - Universidade de Michigan)

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.