As implicações de mais uma troca de presidente da Petrobras

Ex-presidente José Mauro Ferreira Coelho ficou menos de um mês no cargo

As implicações de mais uma troca de presidente da Petrobras
Por Julia Leite e Daniel Carvalho
24 de Maio, 2022 | 08:14 AM

Bloomberg — O presidente Jair Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras pouco mais de um mês depois de nomeá-lo para o cargo em meio a pressões para baixar os custos do combustível.

O governo agradeceu José Mauro Ferreira Coelho, que nomeou em abril para liderar a gigante do petróleo, mas disse que o Brasil vive “um momento desafiador” em meio à intensa volatilidade dos preços dos hidrocarbonetos globalmente. O governo nomeou Caio Mário Paes de Andrade para substituí-lo, segundo nota do Ministério da Energia na noite desta segunda-feira.

“Para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e da renda dos brasileiros, é preciso fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo”, diz a nota. “Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da empresa, gerando benefícios para toda a sociedade.”

Coelho é o terceiro CEO da Petrobras a ser demitido por Bolsonaro em meio a divergências sobre os preços dos combustíveis. Seu antecessor, Joaquim Silva e Luna, foi dispensado após cerca de um ano no cargo, enquanto Roberto Castello Branco foi demitido em 2021.

PUBLICIDADE

O anúncio acontece após semanas de especulação que Coelho seria destituído depois que seu aliado Bento Albuquerque foi substituído no comando do Ministério da Energia - uma demissão que veio poucos dias depois que a Petrobras aumentou o preço do diesel, ignorando apelo do presidente.

Bolsonaro quer trocar 3 diretores da Petrobras: Radar Político

Ambos os novos chefes - o ministro da Energia, Adolfo Sachsida, e Paes de Andrade - tiveram passagens pela equipe econômica, o primeiro como assessor especial do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o segundo como secretário especial para desburocratização.

PUBLICIDADE

Bolsonaro, que concorre à reeleição em outubro, está cada vez mais frustrado com a insistência da estatal em manter os preços dos combustíveis em linha com os níveis globais em um momento em que a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções subsequentes desestabilizam o mercado de petróleo. A inflação anual está acima de 12% e Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todas as pesquisas de opinião, com questões econômicas aparecendo como a principal preocupação dos eleitores.

Deputados devem votar na terça-feira um projeto de lei que trata do ICMS enquanto o governo pressiona por medidas para aliviar a pressão sobre os preços ao consumidor.