Gigante agro, CTC melhora resultado e deixa IPO para 2023

Diante de mercado adverso para listagem e com o caixa cheio após alta nos lucros, empresa foca na pesquisa para ampliar domínio no setor sucroenergético

CTC deixa plano de IPO para 2023, com possibilidade de ocorrer apenas em 2025
16 de Maio, 2022 | 07:12 PM

Bloomberg Línea — No final do ano passado, durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre, o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) já havia aberto mão de realizar sua oferta inicial de ações na bolsa. Além de ter perdido as melhores janelas para o IPO, a empresa sentia que ainda não havia no mercado a compreensão exata do que a companhia fazia e o desconto que vinha sendo aplicado não motivava os executivos a vender por “pouco” uma parte da empresa que julgavam valer mais. À época, a decisão foi adiar para 2022 a listagem na bolsa.

Seis meses depois, o mau humor do mercado ainda não favorece a entrega de novas empresas na bolsa, mas, agora, já não existe pressa em colocar os papéis no mercado. Com os resultados financeiros em trajetória ascendente, dinheiro em caixa e um cenário promissor para o setor sucroalcooleiro, o CTC já nem espera para este ano a listagem de suas ações. O novo prazo foi transferido para algum momento entre 2023 e 2025.

“Não é segredo para ninguém que a condição do BNDES em se tornar acionista da companhia era a realização do IPO para garantir uma eventual saída. O prazo para que isso ocorra é o segundo semestre de 2023, que ainda pode ser prorrogado por mais dois anos. Além disso, essa não seria a única possibilidade de saída para o banco”, disse em entrevista para a Bloomberg Línea, Rinaldo Pecchio Junior, diretor de relações com investidores do CTC.

O executivo disse que a companhia tem hoje o “privilégio de ter tempo” para fazer o trabalho de educação do mercado, que já entende muito melhor o mercado de atuação e o contexto em que o CTC atua. Apesar de não ter a necessidade de captação de recursos, a companhia de Piracicaba, no interior de São Paulo, segue ativa no trabalho de IPO, mostrando ao mercado resultados consistentes a cada trimestre.

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No quarto trimestre de 2022, encerrado em março deste ano, o CTC adicionou quase R$ 10 milhões ao seu lucro líquido e encerrou o período com um resultado de R$ 37,8 milhões. O desempenho significa um crescimento de 35,4% em comparação ao quarto trimestre do ano anterior, quanto o lucro da companhia foi de R$ 27,9 milhões. No acumulado de 12 meses até março, referente ao fim do ano-safra 2021/22, o lucro líquido do CTC superou R$ 134 milhões, o que representou um crescimento de 23,6% sobre o desempenho do ciclo anterior.

Os problemas de geadas e estiagem enfrentados pelas lavouras de cana no ano passado não impediram o CTC de ampliar suas vendas. A receita de 2022 foi de R$ 421,4 milhões, dos quais R$ 112,6 milhões obtidos no último trimestre de seu ano fiscal. Os números superam em 24,7% e 23,5%, respectivamente, o resultado anual e trimestral de 2021.

“Este deve ser mais um ano bom para nós. As previsões indicam que não teremos tantos problemas climáticos como no ano passado e os produtores tendem a ampliar suas taxas de renovação dos canaviais para recuperar a produtividade”, afirma Pecchio.

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Em condições normais, de 12% a 13% das áreas plantadas com cana no Brasil são renovadas anualmente. Depois das perdas decorrentes do clima no ano passado, a expectativa é que essa taxa suba para 15% neste ano, o que deve garantir ao país melhores níveis de produtividade sem a expansão da área cultivada.

Os últimos dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que o Brasil vai colher 596,06 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2022/23, plantada entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano. Esse volume representa um crescimento de quase 2% em comparação à produção do ano passado, sinalizando um incremento de produtividade.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.