Banco Central: Efeitos das altas de juros ainda não foram sentidos

Extensão do aperto com um aumento menor em junho seria apropriado para trazer a inflação de volta à meta, diz ata do Copom

Os formuladores de política monetária liderados por Roberto Campos Neto adicionaram 10,75 pontos percentuais aos custos de empréstimos em cerca de um ano
Por Maria Eloisa Capurro
10 de Maio, 2022 | 11:29 AM

Bloomberg — O banco central do Brasil disse que grande parte do impacto de um ciclo “intenso e oportuno” de aumentos das taxas de juros ainda precisa ser visto, mesmo com o aumento da inflação já sobrecarregando a economia.

Os formuladores de políticas escreveram na ata da última reunião de política monetária, divulgada nesta terça-feira (10), que uma provável extensão do aperto com um aumento menor em junho era apropriado para trazer as expectativas de inflação de volta à meta.

“Enfatizou-se que o atual ciclo de aperto monetário foi bastante intenso e pontual e que, devido a defasagens na política monetária, muito do efeito contracionista esperado e seu impacto sobre a inflação corrente continuam a ser vistos”, escreveram. A estratégia, juntamente com o aperto que foi implementado, “reforça a postura cautelosa da política monetária e enfatiza o cenário incerto”, escreveram.

Os formuladores de política monetária liderados por Roberto Campos Neto adicionaram 10,75 pontos percentuais aos custos de empréstimos em cerca de um ano. Eles enfrentam uma inflação persistente de dois dígitos, juntamente com previsões de aumento dos preços ao consumidor. Os funcionários públicos exigem salários mais altos para compensar a perda de poder aquisitivo, o que aumenta o problema das matérias-primas mais caras.

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A inflação anual no Brasil ultrapassou 12% no início de abril, impulsionada pelo aumento dos custos do petróleo após a invasão russa da Ucrânia. Os principais bancos de Wall Street agora estimam que os preços ao consumidor chegarão a 9% até o final do ano, bem acima da meta de 3,5% para 2022.

Na segunda-feira, a Petrobras (PETR4) elevou os preços do diesel para R$ 4,91 (US$ 0,96) por litro, dos anteriores R$ 4,51 por litro, de acordo com um comunicado. Os custos da gasolina permaneceram inalterados.

No entanto, estender o ciclo de alta pode ser difícil em meio a dificuldades na atividade econômica. A maioria dos analistas espera um crescimento do produto interno bruto de apenas 0,7% este ano, de acordo com a pesquisa mais recente do banco central com economistas, publicada em 2 de maio.

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“O Comitê destacou que o crescimento econômico ficou em linha com as expectativas, mas o aperto das condições financeiras traz o risco de uma desaceleração mais lenta do que o previsto nos próximos trimestres, quando seus impactos tendem a ser mais evidentes”, escreveram os banqueiros.

O BC também está avaliando uma perspectiva global mais complicada diante dos crescentes custos de empréstimos do Federal Reserve dos EUA. Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que agiria “rapidamente” para conter a inflação.

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