Investidores vão à compras e levantam mercados em dia de balanços e indicadores

Balanços e dados que medem a temperatura do consumo, além do conflito geopolítico, orientam os negócios; sobem bolsas europeias e futuros de índices dos EUA

As variáveis que orientarão os mercados
27 de Abril, 2022 | 08:35 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados nesta quarta-feira continuam orientados pela safra de balanços, hoje com empresas da envergadura de Meta, e indicadores que dêem pistas sobre a resistência das economias à inflação em disparada e às constantes ameaças à cadeia de abastecimento. Além disso, os investidores aproveitam as recentes quedas das bolsas para comprar os ativos por um menor preço.

Depois de se posicionarem nos piores níveis desde meados de março, sobem tantos as bolsas europeias como os futuros de índices nos Estados Unidos. Na Europa, Mercedes-Benz AG e Michelin levantaram os ânimos e ajudam a impulsionar o Stoxx 600.

Nos EUA, as ações da Microsoft ajudavam a sustentar os ganhos, já que a companhia divulgou resultados melhores do que o esperado no primeiro trimestre. Os balanços das empresas norte-americanas estão proporcionando aos mercados certo consolo, já que cerca de 80% das empresas conseguiram superar as expectativas dos analistas.

Os bônus do Tesouro dos EUA perdiam valor, com os títulos a 10 anos oferecendo um prêmio de 2,77%. Mesmo assim, os prêmios estão inferiores aos da semana passada.

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👀 Confiança abalada

Tanto nos Estados Unidos como na Europa estão previstos indicadores que evidenciam a situação do consumo. Na Alemanha, por exemplo, a confiança do consumidor caiu em maio para um mínimo histórico: -26,5 pontos, contra expectativas de -16,0 e -15,7 da leitura de abril, conforme dados divulgados hoje pelo instituto GfK.

O indicador foi pior que o recorde em maio de 2020, quando ocorreu o primeiro lockdown pela Covid-19 na Alemanha. A guerra na Ucrânia eleva os custos para as famílias e trava a esperança de uma sólida recuperação pós-pandemia.

🇺🇸 Expectativas em torno do PIB

Amanhã será divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano e a expectativa quanto a este indicador é grande, pois deve evidenciar os primeiros efeitos da guerra na Ucrânia e da inflação que o confronto tem gerado.

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🇪🇺 Atentos ao BCE

Do lado dos bancos centrais, os holofotes estarão sobre Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE). Dará algum indicativo sobre o caminho dos juros?

🔴 Escalada da guerra

A Rússia interrompeu as entregas de gás para a Polônia, o mais recente aumento das tensões entre Moscou e capitais europeias sobre o fornecimento de energia. A Gazprom PJSC da Rússia disse que cortou os fluxos de gás para a Polônia e Bulgária e manterá os suprimentos desligados até que os dois países concordem com a demanda de Moscou para pagar o combustível em rublos.

A União Europeia rejeitou o pagamento em rublos em princípio, dizendo que ele viola as sanções e fortalece a Rússia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o grupo de coordenação de gás da UE está se reunindo para traçar uma resposta conjunta à decisão “injustificada e inaceitável” da Rússia de usar o fornecimento de gás como “chantagem”.

Os preços do gás na Europa subiram mais de 20%, enquanto o euro recuou para o menor nível frente ao dólar desde abril de 2017. E por causa da tensão geopolítica, o petróleo se mantinha em alta, chegando a superar os US$ 102 por barril para os contratos tipo WTI.

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Um panorama dos mercados na manhã de quarta-feiradfd

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (-2,38%), S&P 500 (-2,81%), Nasdaq Composite (-3,95%), Stoxx 600 (-0,90%), Ibovespa (-2,23%)

Os mercados acionários norte-americanos caíram drasticamente, arrastados por uma venda de ações de tecnologia horas antes do lançamento dos resultados trimestrais da Alphabet e da Microsoft. O sentimento de mercado também foi afetado pelos temores sobre a desaceleração da economia e a possibilidade de o Fed apertar a política monetária. A Rússia também cortará o gás para a Polônia e a Bulgária, fazendo face a uma ameaça de corte de abastecimento aos países que recusam a nova demanda de Vladimir Putin para pagar o combustível em rublos.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Pedidos e Juros de Hipotecas de 30 anos - MBA; Índice de Compras MBA; Balança Comercial de Bens/Mar; Nível de Estoques do Varejo excluindo Automóveis/Mar; Estoques no Atacado; Vendas Pendentes de Moradias/Mar; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA; Relatório Semanal EIA de Estoques de Destilados

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• Europa: Alemanha (Confiança do Consumidor GfK/Maio); França (Confiança do Consumidor/Abr)

• Ásia: Japão (Produção Industrial/Mar); Vendas no Varejo/Mar

• América Latina: Brasil (IPCA-15/Abr; Empréstimos Bancários/Fev); México (Balança Comercial/Mar); Fluxo Cambial Estrangeiro

• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde (presidente do BCE), Johannes Beermann (Bundensbank) e Tiff Macklem (Bank of Canada)

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• Balanços: LG, Meta, Vale, T-Mobile, Qualcomm, Amgen, Yara, Boeing, PayPal, Canadian Pacific, GlaxoSmithKline, Mercedes-Benz, Iberdrola, Ford, Kraft Heinz, Hess, Lloyds, Spotify, UniCredit, Credit Suisse, Hertz

📌 E para amanhã:

• EUA: PIB/1T22; Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego; Preços do PCE/1T22; Gasto dos Consumidores/1T22; Índice de Atividade Industrial Fed Kansas/Abr; Estoque de Gás Natural

• Europa: Zona do Euro (Confiança de Empresas e Consumidores/Abr; Clima de Negócios/Abr; Expectativas de Inflação ao Consumidor/Abr); Alemanha (IPC/Abr); Espanha (IPC; Taxa de Desemprego); Espanha, Itália e Portugal (Confiança Empresarial/Abr)

Ásia: China (PMI Industrial Caixin/Abr)

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• América Latina: Brasil (IGP-M/Mar; Índice de Evolução de Emprego do CAGED/Mar; IPP/Mar; Reunião do CMN); México (Taxa de Desemprego/Mar; Balanço Fiscal/Mar)

• Bancos centrais: Decisão de Política Monetária e Relatório de Projeções do Bank of Japan (BoJ). Relatório Mensal do BCE. Discurso de Luis de Guindos, Elizabeth McCaul, Frank Elderson (BCE)

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• Balanços: Samsung, Apple, Amazon, Mastercard, Eli Lilly, Thermo Fisher Scientific, Merck, Comcast, Intel, McDonald’s, Swedbank, Linde, Sanofi, Caterpillar, TotalEnergies, Gilead Sciences, Twitter, Nordic Semiconductor, PG&E, Southwest Airlines, Nokia, Barclays, Repsol, Carlyle, Zendesk, Roku

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.