Elon Musk fecha acordo para comprar o Twitter por US$ 44 bilhões

Investidores receberão US$ 54,20 por cada ação do Twitter, de acordo com comunicado nesta segunda-feira (25)

Plataforma de rede social fechará capital após 16 anos
Por Kurt Wagner
25 de Abril, 2022 | 04:03 PM
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Bloomberg — O empresário bilionário Elon Musk concordou em comprar o Twitter (TWTR) por US$ 44 bilhões, usando um dos maiores acordos de compra alavancada da história para fechar o capital de uma plataforma de rede social de 16 anos que se tornou um centro de discurso público e um ponto de discussão no debate sobre a liberdade de expressão online.

Os investidores receberão US$ 54,20 por cada ação do Twitter que possuem, disse a empresa em comunicado na segunda-feira. O preço é 38% maior do que o fechamento das ações em 1º de abril, o último dia útil antes de Musk divulgar uma participação significativa na empresa, provocando uma alta das ações. As ações do Twitter tiveram negociações interrompidas por causa das notícias nesta segunda.

Musk, um dos usuários mais prolíficos do Twitter, com mais de 83 milhões de seguidores, começou a acumular uma participação de cerca de 9% em janeiro. Em março, ele aumentou suas críticas ao Twitter, alegando que os algoritmos da empresa são tendenciosos e os feeds estão cheios de posts automatizados de lixo. Ele também sugeriu que o crescimento de usuários do Twitter foi inflado por esses bots. Depois de rejeitar um convite para ingressar no conselho da empresa, em 14 de abril ele se ofereceu para tornar o Twitter uma companhia de capital fechado, dizendo que faria da plataforma um bastião da liberdade de expressão e dando outras dicas sobre as mudanças que faria como proprietário.

As ideias iam do prático – digamos, permitir que os usuários editassem tweets e combater a disseminação de bots – ao peculiar, como uma proposta de transformar a sede da empresa em São Francisco em um abrigo para sem-teto.

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“A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”, disse Musk no comunicado nesta segunda-feira. “O Twitter tem um tremendo potencial – estou ansioso para trabalhar com a empresa e a comunidade de usuários para desbloqueá-lo.”

O negócio foi aprovado por unanimidade pelo conselho da empresa e deve ser concluído ainda este ano. Musk garantiu US$ 25,5 bilhões em financiamento de dívida e empréstimo de margem e fornecerá cerca de US$ 21 bilhões em patrimônio para financiar o acordo, segundo o comunicado.

Fechar o capital da companhia marca uma reviravolta dramática para uma empresa que começou como um serviço de mensagens para compartilhar suas atualizações de status com amigos, mas rapidamente se transformou em uma maneira de as pessoas transmitirem postagens curtas de 140 caracteres ou menos para um público. O Twitter pegou fogo entre políticos, celebridades e jornalistas e tomou seu lugar ao lado das redes sociais Facebook e YouTube como o porta-estandarte de uma maneira nova e mais interativa de usar a web que veio a ser conhecida como Web 2.0.

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Após seu nascimento em 2006, a empresa enfrentou uma série de crises, incluindo uma reviravolta na administração que viu a remoção do cofundador Jack Dorsey nos primeiros dias do Twitter e seu eventual retorno em 2015. Após uma oferta pública inicial em 2013, a empresa considerou vender em 2016, atraindo o interesse de empresas de Walt Disney a Salesforce. Dorsey em 2020 se envolveu com um investidor ativista que forçou o Twitter a estabelecer metas de crescimento específicas e aumentar a responsabilidade do conselho. Isso serviu de catalisador para a eventual segunda saída de Dorsey para que ele pudesse se concentrar em sua outra empresa, a empresa de pagamentos digitais Block.

Ainda na semana passada, havia pouca clareza sobre se a oferta de Musk seria bem-sucedida. O próprio bilionário de 50 anos refletiu em um evento TED no dia em que foi anunciado que até ele tinha dúvidas sobre suas perspectivas. Embora a ação tenha saltado inicialmente com a notícia da participação de Musk na empresa, os papéis foram negociados bem abaixo do preço de oferta original de US$ 54,20 desde o anúncio - um sinal de que os investidores estavam céticos de que o acordo seria concretizado.

Em 15 de abril, o Twitter adotou um plano de direitos dos acionistas - uma medida conhecida como pílula de veneno - para afastar licitantes indesejados. O plano é exercível se uma parte adquirir 15% das ações sem aprovação prévia e procurou garantir que qualquer pessoa que assuma o controle da empresa de mídia social por meio da acumulação de mercado aberto pague a todos os acionistas um prêmio de controle apropriado, disse a empresa quando divulgou o plano.

Mas um ponto de virada ocorreu na semana passada, quando o CEO da Tesla (TSLA) elaborou um plano de financiamento que incluía 12 bancos, liderados pelo Morgan Stanley. Poucos dias depois de revelar o plano, Musk se reuniu com executivos do Twitter enquanto a empresa se tornava mais receptiva a um acordo, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg News no domingo.

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-- Este texto foi traduzido por Kariny Leal

(Atualiza às 16h20 com contexto)

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