J&J reduz projeção de lucros e suspende orientação de vacina contra covid

CFO da empresa disse que prevê uma recuperação contínua do mercado de produtos farmacêuticos ao longo do ano

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Bloomberg — A Johnson & Johnson (JNJ) reduziu sua projeção de lucro anual, pois as vendas de produtos farmacêuticos ficaram aquém das expectativas, e a empresa suspendeu sua orientação para as vendas de vacinas contra covid-19 devido à demanda incerta e ao excedente global de oferta.

O lucro ajustado para 2022 será de US$ 10,15 a US$ 10,35 por ação, disse a empresa em comunicado nesta terça-feira (19), valor abaixo da faixa anterior de US$ 10,40 a US$ 10,60. As ações da J&J caíam 0,3% antes da abertura dos mercados dos Estados Unidos, depois de ganhar 3,9% este ano.

O negócio de medicamentos da J&J gerou US$ 12,9 bilhões em faturamento no primeiro trimestre, abaixo da estimativa média de US$ 13,5 bilhões. Embora continue sendo o motivador mais forte do crescimento da empresa, o desempenho é um mau presságio para o que se espera que seja seu motor de lucro após a separação da área de consumo.

Entre os problemas estavam as vendas de vacinas contra covid no valor de US$ 457 milhões no primeiro trimestre; analistas de Wall Street estimaram US$ 784,7 milhões. O CFO da J&J, Joseph Wolk, disse no trimestre passado que esperava um faturamento de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões em 2022 para a vacina contra o coronavírus, um número que refletia os contratos fechados até janeiro para fornecer menos de 1 bilhão de doses este ano, principalmente para países de baixa e média renda.

Ainda assim, a suspensão da orientação da J&J para a vacina não é motivo de preocupação, “considerando que a empresa reiterou a orientação de lucro para todo o ano de 2022″, de acordo com uma nota do analista da Bloomberg Intelligence, John Murphy, “indicando que qualquer folga na estimativa de 20 centavos da contribuição da vacina para o LPA ajustado seria compensada em outro lugar.”

A J&J anunciou em novembro que separaria sua unidade de consumo de seus negócios farmacêuticos e de dispositivos, seguindo uma tendência de outras grandes farmacêuticas que reduziram o volume para focar nos produtos mais lucrativos e de rápido crescimento. O faturamento da divisão de dispositivos médicos, que continuarão, juntamente com a unidade farmacêutica, aumentaram 6%, chegando a US$ 6,97 bilhões no primeiro trimestre, recuperando-se das interrupções da pandemia.

Wolk disse em uma apresentação que ele prevê uma recuperação contínua do mercado à medida que o ano avança.

Enquanto isso, o negócio de saúde do consumidor gerou US$ 3,6 bilhões em receita trimestral, caindo 1,5% em relação ao ano anterior, devido à queda nas vendas nos EUA. A J&J citou restrições de abastecimento nos EUA e na Europa que afetam os produtos de saúde e beleza da pele da unidade. Wolk disse que espera que o negócio tenha um desempenho melhor no segundo semestre.

Espera-se que a J&J apresente uma atualização sobre o nome e a sede da nova entidade de consumo no primeiro semestre do ano. A empresa também aumentou seu dividendo trimestral de US$ 1,06 para US$ 1,13 por ação.

A gigante da saúde com sede em New Brunswick, Nova Jersey, registrou lucro ajustado trimestral de US$ 2,67 por ação, superando a estimativa média dos analistas de US$ 2,59. O faturamento do trimestre foi de US$ 23,4 bilhões, abaixo da estimativa média.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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