Mercado de luxo: Lockdown na China afetou demanda, diz dona da Louis Vuitton

Unidade de bebidas alcoólicas foi a que teve o pior desempenho no primeiro trimestre, empresa compensou aumentando preços

Empresa espera que, com a normalização da situação na China, a demanda de médio e longo prazo volte a aumentar
Por Angelina Rascouet
16 de Abril, 2022 | 09:47 AM

Bloomberg — A LVMH observou que está vendo um impacto negativo na demanda por itens de luxo devido aos lockdowns na China, um possível alerta antecipado para o resto da indústria.

Em uma teleconferência na última terça-feira (12), o diretor financeiro Jean-Jacques Guiony disse a analistas que acredita no aumento da demanda de médio e longo prazo na China quando as coisas voltarem ao normal. Ele acrescentou que as autoridades chinesas mostraram sua capacidade de conter rapidamente a pandemia antes, principalmente em 2020, e não acredita que a situação atual seja pior do que então. Ele previu que os lockdowns em Xangai devem ser flexibilizados “relativamente rápido”.

Anteriormente, a LVMH informou que as vendas do primeiro trimestre avançaram 23% em base orgânica, chegando a 18 bilhões de euros (US$ 19,5 bilhões). Os analistas projetavam um lucro de 17%. As vendas foram impulsionadas por sua maior unidade – moda e artigos de couro – disse a empresa com sede em Paris em comunicado na terça-feira.

Liderada pelo bilionário fundador Bernard Arnault, a LVMH é a primeira fabricante europeia de artigos de luxo a divulgar a receita para o período, portanto, seus resultados podem ser indicativos de como outras empresas se saíram. A receita orgânica da LVMH nos Estados Unidos e na Europa cresceu 26% e 45%, respectivamente, no trimestre. Isso se compara a um lucro de 8% para a Ásia, excluindo o Japão – região que respondeu por 37% da receita. Enquanto isso, os EUA geraram cerca de um quarto da receita da empresa.

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A unidade de vinhos e licores foi a única divisão que não cresceu acima dos dois dígitos devido a restrições de oferta, principalmente para o seu conhaque Hennessy, cujo volume diminuiu 18% no período. A LVMH compensou parcialmente a queda no volume com aumentos nos preços, disse Chris Hollis, que supervisiona as relações com investidores, durante a teleconferência. Hollis alertou sobre a extrapolação do desempenho moderado desta unidade, uma vez que o primeiro trimestre tende a ser volátil e um período menos importante após a temporada de compras de fim de ano.

A indústria de luxo tem contado com aumentos de preços para compensar a inflação. A Louis Vuitton elevou os preços em cerca de 6% no primeiro trimestre, segundo estimativas da Stifel. Guiony disse que a maioria das marcas do grupo aumentou os preços “significativamente” durante o período.

Lojas na Rússia

A LVMH fechou suas lojas na Rússia em 6 de março após a invasão da Ucrânia, um conflito que pode afetar o “fator de bem-estar” dos consumidores quando se trata de compras de luxo, segundo o Telsey Advisory Group. Estima-se que os cidadãos russos representem menos de 1,5% das vendas da LVMH, segundo o Morgan Stanley (MS).

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A receita da unidade de moda e artigos de couro da LVMH, que abarca Louis Vuitton e Dior, subiu 30%, superando a previsão dos analistas de um lucro de 23%.

A Hermès International, fabricante da bolsa Birkin, divulgou as vendas trimestrais na quinta-feira (14), antes da abertura dos mercados em Paris.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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