Proibições de livros nos EUA atingiram mais de 1.100 títulos desde julho

Mais de 40% desses livros tinham como foco protagonistas negros e 33% centravam-se em identidades LGBTQ

Cerca de 1.600 livros foram contestados ou removidos de bibliotecas, escolas e universidades no ano passado
Por Ella Ceron
10 de Abril, 2022 | 12:12 PM

Bloomberg — Mais de 1.100 livros foram proibidos em escolas em 86 distritos e 26 estados nos últimos nove meses, com a maioria dos desafios vindo do Texas, Pensilvânia e Flórida.

Uma mistura de questões locais e movimentos mais amplos em todo o país resultou em proibições, remoções ou restrições para 1.145 títulos, incluindo biografias infantis de Cesar Chavez, Martin Luther King Jr., Rosa Parks e Malala Yousafzai, de acordo com um relatório do PEN America publicado na quinta feira (7)

Mais de 40% desses livros tinham como foco protagonistas negros e 33% centravam-se em identidades LGBTQ. O Texas teve 713 proibições nos nove meses de 1º de julho a 31 de março, o maior número de qualquer estado. Pensilvânia e Flórida seguiram com 456 e 204 banimentos.

Os esforços de proibição de livros aumentaram no ano passado, com a maioria dos títulos afetados tendo como tema raça e identidades LGBTQ. Os dados foram divulgados após um relatório que saiu na segunda-feira (4) do Escritório para a Liberdade Intelectual da Associação Americana de Bibliotecas que descobriu que cerca de 1.600 livros foram contestados ou removidos de bibliotecas, escolas e universidades no ano passado. Foi o maior número de proibições dos 20 anos de história do grupo que acompanha este tipo de ação.

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Ambos os relatórios apresentavam sobreposições dos livros mais contestados, incluindo “Gender Queer” de Maia Kobabe e “All Boys Aren’t Blue” de George M. Johnson.

“Nos casos de proibições de livros, o fator mais consistente envolve distritos e administradores escolares que estão decidindo ou se sentindo pressionados a não seguir o que eu chamaria de melhores práticas de implementação desses processos”, disse Jonathan Friedman, diretor da de liberdade de expressão e programas de educação da PEN America.

De acordo com o relatório da PEN America, muitas das proibições resultam na remoção imediata dos livros das escolas, seja desrespeitando os processos de revisão estabelecidos ou em conformidade com leis mais recentes e mais reativas.

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A legislatura da Geórgia aprovou em março um projeto de lei que codifica como os diretores das escolas devem responder às reclamações de que um livro ou outro material é obsceno ou “prejudicial a menores” e quanto tempo eles têm para responder após a reclamação ser apresentada. Os críticos do projeto de lei dizem que já existem processos em vigor para lidar com reclamações individuais dos pais e que o projeto pode ser usado para priorizar a proibição de livros de autores minoritários e marginalizados.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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