Empresas aéreas ignoram fim da exigência de teste para entrar no Brasil

Apesar de portaria do governo federal, serviços de atendimento ao consumidor seguiram orientando a realização dos exames

Passageiros e funcionários circulam vestindo máscaras contra o novo coronavírus (Covid-19) no Aeroporto Internacional Tom Jobim- Rio Galeão
02 de Abril, 2022 | 03:00 PM

São Paulo — As principais companhias aéreas do Brasil (Gol, Latam e Azul) ignoravam, na manhã deste sábado (2), a portaria do governo federal que acabou com a exigência da apresentação de teste de detecção de covid dos viajantes que chegam ao país.

Publicada ontem (1º) no Diário Oficial da União, a medida é importante para o setor, porque reduz os custos de uma viagem ao exterior. Bloomberg Línea procurou hoje os serviços telefônicos de atendimento ao consumidor das três empresas, que forneceram orientações desatualizadas.

Em vigor desde ontem após publicação no Diário Oficial da União, a portaria interministerial nº 670 foi assinada por quatro ministros: Ciro Nogueira (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Saúde (Marcelo Queiroga) e Infraestrutura (Marcelo Cunha).

A portaria mantém a exigência de apresentar comprovante de vacinação, impresso ou em meio eletrônico, à empresa aérea antes do embarque, mas livra o viajante da obrigatoriedade de se submeter a algum teste (RT-PCR ou antígeno). Nos EUA, o exame chega a custar o equivalente a quase R$ 500.

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Na Gol, o serviço de atendimento ao consumidor por meio do número 0800 704 0465 informou, por volta das 11h50, que a exigência de apresentação do resultado do exame ainda é necessária, mas a atendente fez uma ressalva: melhor contactar a embaixada brasileira no país para uma atualização.

Na Azul, o telefone disponibilizado para tirar dúvidas dos clientes residentes nas capitais (4003 1118) não permitiu falar com um atendente, mas enviou uma mensagem (sms) para o celular informando erroneamente sobre a exigência de apresentação do exame antes do embarque para o Brasil.

O serviço de atendimento telefônico da Latam (0800 012 3200) orientou a procurar informações sobre procedimentos de embarque no site da companhia, mas a orientação sobre a portaria do governo federal não foi encontrada.

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O site da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) também está desatualizado na manhã deste sábado, informando que o viajante com passagem comprada para o Brasil tem de apresentar o resultado do exame de covid.

Interesses

A decisão do governo não significa que outros países vão dispensar dos viajantes procedentes do Brasil a exigência de testes, como os EUA. No laboratório CR Diagnósticos, no aeroporto de Guarulhos, o maior do Brasil, o passageiro paga R$ 200 por um teste de antígeno e R$ 350 por RT-PCR.

Em ano de eleição presidencial em outubro, o governo Bolsonaro tem sinalizado a intenção de decretar o fim da pandemia, antes da OMS (Organização Mundial da Saúde), retirando as restrições impostas ao ingresso de estrangeiros.

Há um componente econômico também: os últimos dados operacionais das companhias aéreas apontam para um ritmo lento de recuperação de seus faturamentos com rotas internacionais, que não voltaram ainda ao patamar pré-pandemia. Quanto menos restrição, maior o estímulo à viagem.

O aumento das passagens aéreas, refletindo os maiores custos das companhias aéreas, também dificulta a retomada das rotas internacionais. Na última sexta-feira (1º), o preço do querosene de aviação sofreu reajuste de 19,3%, na esteira do patamar mais elevado do valor do barril de petróleo.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.