Barcelona, Espanha — A macroeconomia terá um peso decisivo nos negócios de hoje no mercado financeiro, além da guerra Rússia-Ucrânia. O relatório sobre o emprego nos Estados Unidos e o Índice Manufatureiro ISM darão um atestado sobre a saúde da economia norte-americana e pistas sobre a dimensão do aperto monetário do Federal Reserve (Fed). Ao mesmo tempo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na Zona do Euro, que marcou novo recorde, dá uma ideia dos danos do conflito bélico sobre o poder de compra.
Nesse sentido, tende a ocorrer um descolamento entre Europa e Estados Unidos. Se esperam dados melhores para este último, menos vulnerável energeticamente e com uma economia mais resiliente. Na Europa, além da inflação, que mostrou estar em disparada, serão divulgados dados PMI das indústrias do bloco monetário e de vários países do continente, entre eles Alemanha, Reino Unido, França e Espanha.
Os contratos sobre os benchmarks acionários dos EUA avançavam, enquanto o europeu Stoxx 600 subia após seu pior trimestre desde o mercado baixista da era pandêmica. Isso apesar de a inflação da zona do euro ter galgado a um novo recorde histórico.
O petróleo hoje, que vinha em queda, já subiu e voltou a descer. A principal notícia do setor, além da liberação de reservas pelos EUA, é que a Gazprom PJSC da Rússia começou informar aos clientes como pagar pelo gás em rublos. A invasão da Rússia está afetando as cadeias de abastecimento globais e impulsionando custos de energia que já estavam bastante elevados. Os rendimentos dos títulos do Tesouro subiam: as curvas dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos (2,39%) e 10 anos (2,42%) estavam perto da inversão, um padrão que sinaliza preocupação com uma retração econômica.
💥 Inflação dispara
A inflação na Zona do Euro (dados preliminares) atingiu máximos recordes em março, subindo 7,5%, contra projeções de +6,7% e os +5,9% da leitura anterior. A título de comparação, os máximos alcançados na última década haviam sido de +4,0% (junho de 2008) e de +3,0% (setembro de 2011).
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🟠 Expectativas em torno à guerra
O mercado acompanha o desfecho da oferta do gás russo à Europa, depois que o país pedira que o pagamento seja feito em rublos. Com essa exigência, a Rússia quer sustentar o valor de sua moeda e contornar parte das sanções que lhe foram impostas. Além disso, os investidores observam a ação das forças militares russas na Ucrânia, que não diminuíram como o esperado.
Os preços do gás natural na Europa caíam com a diminuição dos temores sobre as interrupções de fornecimento resultantes da decisão da Rússia de alterar a moeda de pagamento. Os contratos futuros do gás de referência retrocediam 2,9% esta manhã, apagando altas anteriores.
Sobre o desenrolar da guerra, a Rússia disse que dois helicópteros militares ucranianos atingiram um depósito de petróleo na cidade de Belgorod, informação que não foi confirmada por Kyiv. Hoje , negociadores russos e ucranianos prosseguem com suas conversas, desta vez por videoconferência.
A situação sobre os títulos russos em vencimento também chama a atenção. A Rússia recomprou o equivalente a US$ 1,45 bilhão de uma tranche que vence na segunda-feira, ou 72% da dívida pendente, o que deixaria em circulação apenas US$ 552,4 milhões. Até agora, mesmo com as restrições e sanções à Rússia por seus ataques à Ucrânia, o país tem conseguido honrar suas obrigações financeiras.

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,56%), S&P 500 (-1,57%), Nasdaq (-1,54%), Stoxx 600 (-0,94%), Ibovespa (-0,22%)
Os mercados acionários americanos fecharam com perdas pela segunda sessão consecutiva, afetados pelas preocupações sobre os efeitos da guerra na Ucrânia sobre a economia global. Com este desempenho, os principais indicadores do mercado acionário fecharam um primeiro trimestre que não deixará saudade. O S&P 500 acumulou uma queda de 4,9% em três meses, a pior desde março de 2020, quando os primeiros efeitos da pandemia Covid-19 foram sentidos. O Dow Jones Industrials perdeu 4,6% no trimestre, enquanto o Nasdaq Composite despencou 9% no período. Os preços do petróleo caíram depois que o presidente dos EUA Joe Biden decidiu usar as reservas de seu país para tentar conter o aumento do custo dos barris, provocado pelo conflito bélico.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• PMI Industrial/Mar: EUA, Canadá, Zona do Euro, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Brasil, México
• EUA: Taxa de Desemprego/Mar; Folhas de Pagamento do Governo e do Setor Manufatureiro/Mar); Gastos de Construção (Mensal) (Fev); Índice de Novos Pedidos ISM/Mar; Preços no Setor Manufatureiro ISM/Mar
• Europa: Zona do Euro (IPC/Mar)
• América Latina: Brasil (Produção Industrial/Fev; Balanço Orçamentário; Balança Comercial/Mar)
📌 E para segunda-feira, 4 de abril:
• Feriado na China (Festival Ching Ming)
• EUA: Índice de Tendência de Emprego/Mar; Pedidos de Bens Duráveis - excluindo Defesa/Fev; Encomendas à Indústria/Fev
• Europa: Zona do Euro (Confiança do Investidor Sentix/Abr; IPP/Fev); Alemanha (Balança Comercial/Fev, Saldo de Transações Correntes/Fev); França (Balanço Orçamentário do Governo/Fev)
• Ásia: Japão (Gastos Domésticos/Fev; Massa Salarial Geral de Empregados/Fev; PMI do Setor de Serviços/Mar)
• América Latina: Brasil (IPC-Fipe/Mar; Transações Correntes/Fev; Investimento Estrangeiro Direto/Fev)
-- Com informações de Bloomberg News