Bloomberg Línea — O tom de cautela predominou no cenário internacional, levando as bolsas dos Estados Unidos e da Europa a amargarem perdas nesta quarta-feira (23). As atenções seguiram voltadas para o aumento da inflação e para medidas mais agressivas por parte de bancos centrais para conter a alta dos preços.
No Brasil, o aumento da atratividade dos ativos locais, com a renda fixa pagando cada vez mais e a Bolsa seguindo entre as mais baratas do mundo, levou o dólar a engatar o sexto dia consecutivo de baixa, sendo negociado abaixo dos R$ 4,90.
Puxado pelas commodities, o Ibovespa (IBOV) destoou do exterior e fechou em leve alta nesta quarta, com ganhos de ações de petroleiras.
O movimento acontece em meio à alta do petróleo, com o tipo Brent negociado acima dos US$ 120 o barril em meio ao risco de novas restrições à Rússia, um dos maiores produtores da commodity do mundo.
Os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram 0,97% e 1,36%, negociados a R$ 34,38 (ON) e R$ 32,05 (PN). Petrorio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) também avançaram na B3, com ganhos de 2,94% e 2,95%, respectivamente, a R$ 27,34 e R$ 39,74.
Ainda tiveram ganhos nesta quarta as ações de varejistas como Grupo Soma (SOMA3), que subiu 7,15%, Lojas Renner (LREN3), com alta de 5,54% e Magazine Luiza (MGLU3), que avançou 3,27%.
Em contrapartida, ações de empresas exportadoras como Vale (VALE3), Suzano (SUZB3), JBS (JBSS3), e BRF (BRFS3) tiveram uma sessão de perdas. Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações do escritório Ação Brasil Investimentos, a baixa desses papéis reflete a queda do dólar, à medida que o ganho financeiro delas diminui e que há a apreciação da moeda local.
Além disso, por mais que o minério de ferro esteja em um dia de alta, a Vale acaba sofrendo os reflexos do dólar mais baixo. “Durante os últimos meses o mercado pagou um prêmio pelo retorno a mais gerado pelo câmbio. Pelo visto, a hora desse desconto chegou, e o pregão de hoje mostra isso no preço das exportadoras”, diz Alves.
Confira como fecharam os mercados nesta quarta-feira (23):
- O Ibovespa (IBOV) subiu 0,16%, fechando o pregão negociado aos 117.457 pontos;
- O dólar à vista cedeu 1,71%, negociado aos R$ 4,83;
- Entre os contratos de juros futuros, o DI com vencimento em 2025 ficou estável, a 12,06%;
- Por volta das 17h15 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) caía 0,74%, a US$ 42.292;
Quadro externo
Em meio à alta do petróleo e de preocupações do impacto dos preços das commodities na inflação e no crescimento econômico, as principais bolsas da Europa e dos Estados Unidos fecharam em queda nesta quarta.
As ações europeias pararam de subir nesta quarta após sua maior sequência de vitórias desde novembro, enquanto o S&P 500 caiu 1,2%, liderado por perdas financeiras. Já o rendimento do Tesouro de 10 anos dos EUA caiu para 2,30%, depois de atingir máximas desconhecidas desde meados de 2019.
Os títulos estão recebendo o peso das sinalizações do banco central americano por ações mais duras para controlar a inflação, já que os investidores mantêm as ações como proteção contra a alta dos preços, estimulando um rali que viu o S&P 500 recuperar metade de sua queda de janeiro em apenas seis sessões.
- Nos EUA, o Dow Jones recuou 1,29%, o S&P teve queda de 1,23%, enquanto o índice da Nasdaq cedeu 1,32%;
- Na Europa, o índice Dax, da Alemanha, teve baixa de 1,31%, enquanto o CAC-40, de Paris, caiu 1,17%.
Ainda no radar externo, a Rússia reiniciará as negociações em sua bolsa de valores nesta quinta-feira (24) com algumas ações locais, encerrando a longa paralisação do mercado do país após a invasão da Ucrânia e das sanções subsequentes.
A Bolsa de Moscou retomará a negociação de 33 ações russas, incluindo algumas das maiores empresas, como Gazprom PJSC e Sberbank PJSC.
(Atualizado às 18h10 com cotações mais recentes e com informações da Bloomberg News)
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