Proteção nos investimentos? Confira dicas para tempos de inflação e guerra

De dólar a setor de energia, veja quais portos seguros valem a pena em um cenário de inflação e guerra

Mercado global é forçado a buscar novos ativos de proteção
Por Andreea Papuc e Ishika Mookerjee
22 de Março, 2022 | 06:53 PM

Bloomberg — Poucas vezes foi tão difícil encontrar o melhor ativo para proteção. O cenário que combina uma postura mais agressiva do banco central dos Estados Unidos, o aumento da inflação e a guerra na Europa abala os mercados globais e prejudica alguns dos ativos que geralmente conseguem preservar seu valor em tempos de queda nos mercados.

Entre gestores de recursos e estrategistas, é praticamente unânime a visão de que o dólar é o melhor ativo para manter na carteira diante do aumento das incertezas globais. Fora a recomendação do dólar, há muita divergência. Por exemplo, o Credit Agricole aconselha ativos da China, a Main Street Asset Management prefere ações de empresas de pequeno e médio valor de mercado e a IG Markets aposta em ações do setor de energia.

O Bloomberg Dollar Spot Index avançou 2,2% neste ano e o ouro saltou 5,4%. No entanto, outros ativos tradicionalmente reconhecidos como portos seguros não se saíram bem. O iene se depreciou 4,5% em relação ao dólar. Os títulos do Tesouro americano se desvalorizaram 5,5% e caminham para a pior perda trimestral já registrada.

A seguir estão algumas das recomendações de investidores institucionais e analistas para quem tenta proteger seu dinheiro:

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Ouro e dólar

Com a guerra na Ucrânia e as incertezas decorrentes do conflito, o rápido aumento da taxa básica de juros nos EUA pode causar uma recessão, avalia Justin Tang, responsável pela área de pesquisa da Ásia na United First Partners em Singapura. “A escalada do conflito poderia causar um salto nos preços do petróleo e nos custos dos alimentos. O possível envolvimento da Otan e da Europa significa adiamento das decisões de investimento. É difícil errar com os portos seguros tradicionais: ouro, dólar, iene e empresas de consumo básico e saúde que têm fluxo de caixa previsível.”

China

A China “provavelmente está bem isolada já que está iniciando um cronograma de flexibilização monetária mais forte e tem baixa importação de petróleo”, disse David Chao, estrategista da Invesco. “Exportadores de energia como Austrália e Malásia devem se beneficiar do aumento dos preços.”

Ações do setor de energia

“Quando se trata de alocação em ativos mais arriscados, o melhor não é se orientar pelo que o banco central dos EUA está fazendo e sim ao que está reagindo, que é, obviamente, a inflação — e inflação impulsionada pela escassez de oferta”, disse Kyle Rodda, analista da IG Markets em Melbourne. “Isso significa commodities, especialmente ações de empresas de energia, agricultura e, em menor grau, metais de base. A pergunta é o que eu posso comprar que o mundo precisa desesperadamente e não tem em quantidade suficiente.”

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Moedas atreladas a commodities

“Há espaço para que as moedas atreladas a commodities mostrem resiliência, considerando o cenário de preços mais altos. Acredito que dólar australiano, dólar canadense e coroa norueguesa vão se beneficiar”, disse Sim Moh Siong, estrategista de câmbio do Bank of Singapore. “O quanto essas moedas aguentam vai depender do ambiente de risco. Preços mais altos de commodities beneficiam essas moedas, mas é complicado porque elas também dependem do ambiente geral de risco.”

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