Lojas Renner nega estar à venda e quer melhorar rentabilidade em 2022

CFO Daniel Martins diz que o quarto trimestre refletiu retomada das vendas; JSCP é aprovado e será pago em 2023

Lojas Renner diz estar no meio do caminho para recuperar nível histórico de rentabilidade com ganhos de market share no digital e nas lojas físicas em 2021
18 de Março, 2022 | 10:29 AM

São Paulo — A Lojas Renner (LREN3), dona também da Camicado e Youcom, negou estar à venda. A Arezzo teria colocado a varejista em uma lista de possíveis alvos de aquisição, segundo relato publicado na imprensa brasileira.

“Isso é infundado”, disse o CFO da Lojas Renner, Daniel Martins, à Bloomberg Línea, em referência a uma reportagem publicada pelo jornal Valor no dia 27 de janeiro (“Arezzo quer Soma, Centauro ou Renner, após follow-on inédito”).

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O executivo afirmou que a companhia não está, neste momento, em conversações nesse sentido.

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A varejista divulgou, na noite de ontem, que lucrou R$ 633,1 milhões em 2021, queda de 42,2% em relação ao ano anterior (R$ 1,096 bilhão).

  • No quarto trimestre, a Lojas Renner teve lucro de R$ 415,8 milhões, aumento de 17,5% na comparação anual. Em relação ao mesmo período de 2019 (pré-pandemia), quando lucrou R$ 512,8 mlhões, houve uma queda de 18,9%.
  • Martins destacou o desempenho das vendas. “Foi um crescimento robusto, de 22% versus 2020. No quarto trimestre, houve uma retomada positiva, apesar do momento de muitas incertezas com ômicron no fim do ano”.

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A receita líquida de varejo atingiu R$ 9,555 bilhões em 2021, incremento de 43,5%, sendo o quarto trimestre somou R$ 3,560 bilhões (alta de 22% em 12 meses).

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A operação digital do grupo também reforçou a leitura do CFO quanto à uma recuperação, com o GMV (valor total das vendas) encerrando o ano em R$ 1,625 bilhão, crescimento de 50%, sendo que o quarto trimestre avançou 38%, totalizando R$ 514,4 milhões frente ao mesmo período do ano passado.

Projeções para 2022

“Temos um ambiente desafiador: guerra entre Rússia e Ucrânia, reajuste dos combustíveis, inflação, mas segue positiva a perspectiva da companhia”, afirmou o executivo, que foi da Unilever, e assumiu o cargo em janeiro deste ano.

As sucessivas altas dos juros, promovidas pelo Banco Central para conter as pressões inflacionárias, compõem, desde o começo do segundo semestre do ano passado, o pano de fundo dos fortes descontos aplicados pelos grandes investidores nos preços dos papéis ligados ao varejo brasileiro, principalmente de redes com consumidores de menor renda como público-alvo, a exemplo de Via (Casas Bahia e Ponto), Magazine Luiza e Lojas Renner.

Margem de lucro

Uma das prioridades da Lojas Renner neste ano é a retomada de sua rentabilidade. A margem líquida caiu 9,9 pontos percentuais, passando de 16,5% em 2020 para 6,6% em 2021. No quarto trimestre, a margem ficou em 11,7%, 0,4 ponto percentual abaixo do mesmo período do ano anterior (12,1%). O nível histórico da margem, antes da pandemia, era entre 11% e 12%, segundo Martins. “Podemos dizer que estamos no meio do caminho na recuperação da margem”.

Investimentos no ecossistema digital, reforçando sua estratégia ommnicanal, também estão na agenda do ano, com a possibilidade até de aquisições, segundo o CFO. No geral, a companhia espera investir R$ 1 bilhão neste ano, mesmo patamar do ano anterior.

“Vamos continuar crescendo acima da média do mercado, melhorando a rentabilidade”, afirmou.

Um dos pontos de atenção do varejo é a tendência altista para os indicadores de inadimplência em um contexto de estagflação, em que o país não cresce o suficiente para melhorar o poder aquisitivo da população, corroído pela disparada de preços, principalmente dos combustíveis e da energia elétrica.

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“Não temos indicação de uma piora da inadimplência no Realize (braço financeiro da rede), que continua com sua política de concessão de crédito, de cartão, analisando os riscos. Não houve uma mudança de rota”, disse Martins.

Atualmente, a Lojas Renner S.A conta com as marcas Renner, que tem roupas e acessórios para todos os estilos; Camicado, empresa do segmento de casa e decoração; Youcom, especializada em moda jovem; Ashua Curve & Plus Size, que oferece roupas nos tamanhos 46 a 54; a financeira Realize CFI; e o Repassa, plataforma de revenda de roupas, calçados e acessórios.

JSCP

As ações da Loja Renner acumulam uma queda de quase 40% em um ano. Para Martins, esse desempenho negativo não tem relação com alguma realidade específica da companhia. “É sistêmico do setor neste novo cenário. Cada dia é uma emoção, nesse sobe e desce da Bolsa”.

A companhia lançou em janeiro um programa de recompra de ações de R$ 500 milhões. Segundo o executivo, já houve a aquisação de R$ 80 milhões, quase 20% do total. Quanto ao pagamento de provetos aos acionistas, ele disse que deve ser mantido um payout (fatia do lucro líquido distribuído) de 40%.

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Ontem, o conselho de administração aprovou a distribuição de juros sobre capital próprio de R$ 141,437 milhões (R$ 0,143910 por ação), com data com no próximo dia 22 de março, e ações sendo negociadas “ex-jscp” no dia seguinte. A data de pagamento do provento só será definida em 2023.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.