Nível de proteção alcança maior patamar com aversão ao risco na América Latina

Cenário político na região e guerra na Ucrânia aparecem entre maiores riscos, segundo estudo do Bank of America com gestores

Gestores veem ainda um cenário de inflação e juros mais elevados no Brasil
15 de Março, 2022 | 06:53 PM

Bloomberg Línea — O aumento de aversão ao risco no mercado financeiro tem feito investidores na América Latina alcançarem níveis recorde de posição de caixa e de proteções na carteira. É o que mostra um levantamento do Bank of America.

Segundo pesquisa “LatAm Fund Manager Survey” feita com gestores de fundos de investimento em março, apenas 8% disseram estar tomando risco acima do normal, abaixo da média histórica da pesquisa, de 25%. O percentual é o menor desde o começo da pesquisa, em 2018.

O mesmo acontece com os níveis de caixa, que mostraram forte alta no levantamento deste mês, para um patamar de 7,7%, acima da média histórica da pesquisa, de 4,4%, e no maior patamar desde o início da pesquisa do banco americano.

Entre os principais riscos para a América Latina, os gestores citam o cenário político na região, eventos geopolíticos (guerra na Ucrânia), além de medidas na China e cenário para commodities.

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Entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado) estão os setores de materiais, energia e finanças. Já entre as maiores posições underweight (abaixo da média do mercado) dos gestores na América Latina estão empresas de consumo discricionário, industriais e do setor de telecomunicações.

Já a preferência dos investidores consultados recai sobre empresas de valor e consideradas “de alta qualidade”.

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Brasil: juros e inflação mais altos

Olhando para o cenário brasileiro, cerca de 60% dos gestores consultados veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano negociado acima dos 120 mil pontos, em linha com o levantamento de fevereiro, o que implica potencial de alta de 9,16% ante o fechamento do pregão de segunda-feira (14).

A pesquisa aponta ainda para um real mais valorizado, com quase 70% estimando o dólar abaixo dos R$ 5,10. No mês anterior, apenas 23% compartilhavam dessa opinião.

Com os preços mais elevados, cerca de 80% dos entrevistados veem a taxa Selic acima de 12% em dezembro, mais elevada do que os 13,25% esperados pelo BofA.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se encontra nesta quarta-feira (16) para decidir o rumo da Selic. A expectativa, segundo o relatório Focus, do Banco Central, mais recenrte é de aumento de um ponto-percentual, para 11,75% ao ano. Para dezembro, o boletim traz projeções de juros a 12,75%.

O estudo “LatAm Fund Manager Survey”, conduzido pelo Bank of America, foi realizado em março e contou com a participação de 26 gestores, com cerca de US$ 63 bilhões sob gestão.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.