Russos encontram formas de burlar bloqueio a internet

Após suspensão da veiculação do Facebook e de outros sites no país, usuários buscam formas de acessar conteúdo fora da bolha da Rússia

Na terça-feira (8), o interesse russo em VPNs era mais de oito vezes maior que os níveis anteriores à invasão
Por Benoit Berthelot - Ivan Levingston
09 de Março, 2022 | 06:02 PM

Bloomberg — Os russos estão rapidamente recorrendo a serviços de internet que ocultam sua localização para ajudar a contornar as restrições de acesso a mídias sociais e sites de notícias estrangeiros.

Provedores de redes privadas virtuais, as VPNs, estão registrando um aumento do uso na Rússia depois que o Kremlin reprimiu o Facebook e outros serviços como parte de um esforço mais amplo para reprimir a dissidência e limitar as informações sobre sua invasão na Ucrânia.

“Na semana passada, vimos o tráfego para nosso site da Rússia aumentar cerca de 330% semana a semana”, disse Harold Li, vice-presidente da ExpressVPN, em e-mail à Bloomberg na quarta-feira (9).

Na terça-feira (8), o interesse russo em VPNs era mais de oito vezes maior que os níveis anteriores à invasão, segundo dados coletados pelo Top10VPN. O uso atingiu o pico mais de 10 vezes em 5 de março, um dia depois que o Facebook (FB) e o Twitter foram bloqueados pelas autoridades russas.

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As VPNs são amplamente usadas e legais em todo o mundo e usam criptografia para criar conexões privadas entre o computador de um usuário e um servidor em outra cidade ou país. Isso dificulta ou impossibilita que o provedor de serviços local desse usuário – ou as autoridades – vejam quais sites acessa.

A Surfshark diz que as vendas semanais médias na Rússia aumentaram 35 vezes desde 24 de fevereiro, dia em que a Rússia iniciou sua invasão na Ucrânia.

“A última vez que vimos um aumento semelhante nas vendas foi quando a China aprovou a Lei de Segurança de Hong Kong em maio de 2020″, disse um porta-voz da empresa.

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Contudo, os usuários de VPNs podem estar correndo um risco significativo. O parlamento da Rússia aprovou na semana passada leis rigorosas que imporiam penas de prisão para pessoas acusadas de espalhar fake news sobre os militares ou pedir sanções contra o país.

O Tunnel Bear, outro provedor de VPN, disse no Twitter que estava oferecendo 10 gigabytes de dados para qualquer pessoa que se conectasse da Rússia “para garantir que organizadores de protestos, jornalistas e indivíduos em risco tenham acesso a uma internet segura e informada”.

Na Rússia, o uso da oferta de VPN e e-mail da Proton também está aumentando, com uso de VPN até 10 vezes mais alto em relação aos níveis anteriores à guerra.

“Muitas fontes de informação às quais as pessoas tradicionalmente recorrem para descobrir a verdade estão bloqueadas ou correm o risco de serem bloqueadas”, disse o CEO da Proton, Andy Yen. “Para chegar à verdade na Rússia atualmente, é necessário ter uma VPN”.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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