Brasil deixa de exportar banana, melão e melancia a Rússia e Ucrânia

Agrícola Famosa, um das maiores produtoras de frutas do Brasil, redireciona contêineres para a Holanda devido à guerra

Porto do Pecém, no litoral do Ceará, exporta frutas como banana, melancia e melão para Rússia e Ucrânia, além de outros países europeus, como a Holanda
08 de Março, 2022 | 07:02 PM

Bloomberg Línea — A Agrícola Famosa, uma das principais exportadoras de frutas do Brasil para a Europa, suspendeu a exportação de banana, melão e melancia para Rússia e Ucrânia devido ao conflito bélico na região, confirmou o CEO da companhia sediada no Ceará, Luiz Roberto Barcelos, nesta terça-feira (8).

“Por semana, mandamos cerca de 400 contêineres de frutas para a Europa, sendo quatro para Rússia e Ucrânia, ou seja, 1% do volume”, disse o empresário à Bloomberg Línea.

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A carga por contêineres de 20 pés é embarcada pelo Porto do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, a 63 km da capital Fortaleza. Maior produtora de melão e melancia do Brasil, a Agrícola Famosa enviava semanalmente três contêineres carregados com melão e um com melância para a Rússia, enquanto outro com banana nanica era entregue a Ucrânia.

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Segundo o CEO da Agrícola Famosa, a solução foi redirecionar esses contêineres para a Holanda, por onde a empresa costuma distribuir seus produtos para o mercado europeu. As frutas são cultivadas pela companhia no município cearense de Icapuí e numa região conhecida no estado como distrito de irrigação do perímetro Tabuleiro de Russas.

Agronegócio

A guerra entre Rússia e Ucrânia tem preocupado o comércio exterior brasileiro, principalmente o agronegócio, dependente do mercado de fertilizantes. O Ministério do Comércio e Indústria da Rússia recomendou aos produtores de fertilizantes do país que suspendam temporariamente as exportações. Hoje, o Brasil é o maior importador do mundo, trazendo de fora mais de 80% dos fertilizantes utilizados pelo agronegócio.

Enquanto a Agrícola Famosa exporta frutas para a região do conflito militar, outra companhia cearense enfrenta o problema oposto. A M. Dias Branco (MDIA3), maior fabricante de massas e biscoitos do país, dona da marca Piraquê, é dependente do trigo importado, cujo preço disparou no mercado internacional desde o início da guerra, levando o mercado a prever uma explosão dos custos da companhia e impacto negativo em sua lucratividade.

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“As tensões entre Rússia e Ucrânia adicionaram incertezas na oferta global de trigo, visto que o cereal russo representa 19% das exportações do mundo”, alertou um relatório do Itaú BBA, produzido pela consultoria de agronegócio do banco e que analisa o agronegócio.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.