Bloomberg — A Toshiba afirmou que a crise de fornecimento de componentes eletrônicos não deve diminuir por, pelo menos, um ano, já que a escassez crônica não tem perspectiva próxima de melhora e a invasão russa ameaça uma importante fornecedora de insumos para a produção dos chips, a Ucrânia, o que intensifica as preocupações.
“A sensação de escassez segue a mesma”, diz Hiroyuki Sato, chefe da divisão de dispositivos da Toshiba, em entrevista. “Esperamos que a oferta escassa se prolongue até março do próximo ano”, no mínimo.
A Ucrânia é um importante fornecedor de gases nobres purificados, como neônio e criptônio, ambos essenciais para a fabricação de semicondutores. O país responde por quase 70% do fornecimento mundial de gás neon, de acordo com dados da TrendForce. Enquanto alguns fabricantes de chips estão minimizando o impacto da disrupção da guerra, “o efeito claramente não é bom”, diz Sato.
A divisão de dispositivos da Toshiba produz componentes de computador simples, mas necessários, como chips reguladores de energia. A empresa fez um alerta sobre crise de fornecimento em setembro, e Sato afirmou que a situação e as perspectivas não melhoraram desde então.
Os preços também devem continuar subindo, previu o executivo.
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“Faz um ano que os preços de diversos insumos, como metais, começaram a subir, e ainda é difícil dizer quando essa tendência se reverterá”, disse. “Precisamos e precisaremos pedir que nossos clientes dividam o peso conosco, porque nenhuma empresa pode mais absorver todo o impacto.”
A Sharp declarou, no mês passado, que monitora de perto os custos antes de decidir os preços de seus novos produtos eletrônicos. A I-O Data Device, após elevar os preços de seus monitores LCD no ano passado, disse que, em breve, fará o mesmo com seus produtos de armazenamento conectados à rede.
A Toshiba planeja antecipar para 2022 investimentos para expandir sua produção de semicondutores, ante a previsão anterior que era o primeiro semestre de 2023, disse a empresa no mês passado. Mas isso, por si só, não será suficiente para superar a escassez de chips. A empresa pode aumentar, ainda mais, seu ritmo de despesas de capital se necessário, disse Sato.
A empresa com sede em Tóquio passou por um ano turbulento com a proposta de se dividir em duas empresas para gerar mais valor, o que foi criticado por investidores. Sato disse que a medida tornaria sua unidade de negócios mais ágil e menos dependente de aprovações de níveis superiores da cadeia.
“Podemos acelerar o processo de tomada de decisão em um mês ou mais”, disse ele.
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