Milhares nos arredores de Kiev estão acuados em porões

Enquanto a Ucrânia tenta estabelecer um cessar-fogo, moradores de cidades antes cobiçadas estão desesperados para sair

Moradores se protegem do bombardeio russo em Bucha, a noroeste de Kiev, em 4 de março.Fotógrafo: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Por Aliaksandr Kudrytski e Alan Crawford
07 de Março, 2022 | 03:49 PM

Bloomberg — Uma região de pequenas cidades a noroeste de Kiev atraía a classe média da capital. Agora, o desespero prevalece nesses locais.

Forças russas que tentam cercar a capital de 2,9 milhões de habitantes já chegaram a essas cidades.

Intensos conflitos atolam as cidades fora de Kievdfd

Desde o primeiro dia da invasão sob ordens do presidente Vladimir Putin, as tropas russas miraram em Hostomel, onde fica um aeródromo estratégico que era usado pelo maior avião do mundo, o An-225 “Mriya”, já destruído. O combate engoliu as cidades vizinhas de Irpin, Bucha e Vorzel. Milhares de pessoas estão escondidas em porões.

Enquanto a Ucrânia tenta estabelecer um cessar-fogo localizado para permitir a evacuação de civis, moradores dessas cidades antes cobiçadas estão desesperados para sair. Para alguns, já é tarde demais.

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A situação das pessoas nos arredores de Kiev mostra o impacto na população após quase duas semanas de combate. A Rússia afirma que tem como alvo ativos militares, mas o governo ucraniano acusa o Kremlin de disparar deliberadamente em áreas residenciais, na tentativa de destruir não apenas o exército da Ucrânia, mas também seu povo.

Uma mulher está perto de uma casa em chamas em Irpin, nos arredores de Kiev, em 4 de março.Fotógrafo: Aris Messinins/AFP/Getty Imagesdfd

Em Hostomel, que fica a 30 quilômetros do centro de Kiev, o comandante da câmara municipal, Yuriy Prylypko, e dois assistentes foram baleados enquanto distribuíam comida a moradores, segundo informado pelo perfil da câmara no Facebook.

A cidade vizinha de Bucha está em ruínas, segundo Mykhaylyna Skoryk-Shkarivska, assessora do prefeito. Não há eletricidade ou serviço de telefonia celular e o prefeito Anatolii Fedoruk não é encontrado desde o meio-dia de sábado.

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A Rússia “destruiu minha vida, o trabalho que eu amo e está matando meus amigos todos os dias e agora meus colegas”, ela escreveu no Facebook no domingo.

Corredores humanitários

Em Irpin, cercada por forças russas, civis foram atacados enquanto fugiam no domingo. O momento foi filmado pela equipe da Radio Free Europe/Radio Liberty e postado no Facebook. Uma mulher e dois filhos morreram e um homem ficou gravemente ferido.

A carnificina pode ser ainda maior, mas até a segunda-feira ainda não havia acordo sobre corredores humanitários. Duas tentativas anteriores de permitir que não combatentes deixassem a cidade portuária de Mariupol fracassaram em meio a recriminações de ambos os lados.

A Ucrânia rejeitou uma proposta russa para evacuar pessoas das zonas de guerra para Belarus e Rússia e, em vez disso, quer corredores humanitários para outras áreas da Ucrânia.

Em Bucha, cidade de 37.000 habitantes situada junto ao rio de mesmo nome, as pessoas estão escondidas em porões, buscando abrigo contra bombas e assassinatos indiscriminados. Muitos edifícios em Bucha estão em chamas ou foram destruídos por mísseis. As pessoas não se atrevem a sair e não têm água ou eletricidade há dias.

Em um discurso em vídeo na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que as forças russas estão “mantendo reféns os moradores de Irpin, Bucha, Hostomel e muitas outras cidades e vilas que os ocupantes conseguiram capturar – temporariamente”.

Essas ações, incluindo bombardeios russos em áreas civis, “não fazem nenhum sentido militar”, disse ele. “Apenas terror.”

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