Fundos têm dificuldade para sair da Rússia com decisão do MSCI

Retirada de ações russas dos principais índices globais dá aos investidores mais um motivo para transferir fundos do país

Ativos russos foram atingidos nos últimos dias, em razão de uma série de sanções impostas ao país após a decisão do presidente Vladimir Putin de invadir a Ucrânia
Por Abhishek Vishnoi e Ruth Liew
03 de Março, 2022 | 12:41 PM

Bloomberg — A retirada de ações russas dos principais índices globais dá aos investidores mais um motivo para transferir fundos do país atingido pelas sanções para alternativas como China e Índia, mas também tornará a saída ainda mais difícil, dizem estrategistas e gestores de recursos.

MSCI e FTSE Russell anunciaram que irão excluir ações russas dos índices, o que isola as empresas de um grande segmento da indústria de fundos de investimento.

Os ativos russos foram atingidos nos últimos dias, em razão de uma série de sanções impostas ao país após a decisão do presidente Vladimir Putin de invadir a Ucrânia. A bolsa de valores russa está fechada desde 25 de fevereiro.

Investidores como VanEck Associates dizem que as decisões sobre os índices tornarão ainda mais se desfazer dos ativos, enquanto outros como Shinkin Asset Management afirmam que há pelo menos um aspecto positivo: significa que os fundos não são obrigados a permanecer no mercado ações da Rússia meio a crescente incerteza geopolítica.

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Veja o que dizem investidores e analistas:

Não consigo vender

“Não podemos vender nossas ações russas, mesmo na semana passada, nossos operadores não as venderam quando os mercados estavam abertos, e isso apenas deteriorará ainda mais as coisas para os investidores”, disse Russel Chesler, chefe de investimentos e mercados de capitais da VanEck Associates em Sidney.

Ganho da China

“A retirada da Rússia requer uma nova ponderação de todos os membros existentes dos índices, ou pode ser o caso de acelerar alguns dos processos para adicionar novos países à lista”, disse Vishnu Varathan, chefe de economia e estratégia do Mizuho Bank em Singapura. “Certamente a Índia e a China estão definitivamente na lista de beneficiários à medida que a Rússia é retirada, e os nomes da ASEAN também podem surpreender à medida que você obtém uma extensão mais ampla da região”

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Ativos ‘tóxicos’

“Os ativos russos se tornaram tóxicos, por falta de melhor expressão”, disse Marek Drimal, estrategista que cobre Europa, Oriente Médio e África no Société Générale, em Londres. “A velocidade dos eventos é simplesmente incompreensível. Mas não são apenas os mercados financeiros – as decisões de várias empresas de sair da Rússia” estão se acumulando, disse

Ponto positivo

“A remoção da Rússia dos principais índices pode ser positivo para os investidores, dada a incerteza em torno da economia e os possíveis riscos de liquidação”, afirmou Naoki Fujiwara, gestor chefe de fundos da Shinkin Asset Management em Tóquio. “Mas em termos de impacto geral, não espero que seja grande, dado o tamanho da economia russa

Saídas

As saídas totais da Rússia podem ultrapassar US$ 40 bilhões, afirmou Brian Freitas, analista da plataforma de pesquisa independente Smartkarma em Auckland. “Não há muito que investidores ativos e passivos possam fazer até os mercados da Rússia reabrirem. Quase US$ 16 bilhões em fluxos passivos sairão “devido à ação da MSCI”, com a China recebendo cerca de US$ 5 bilhões e a Índia, Coréia e Taiwan recebendo cerca de US$ 2 bilhões cada, disse

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