Maioria das medalhas dos EUA nas Olimpíadas de Pequim é das mulheres

As atletas da equipe dos Estados Unidos levaram para casa 17 medalhas, o maior número de qualquer outra nação nos Jogos de inverno

Elana Meyers Taylor carrega a bandeira americana
Por Ella Ceron - Kim Bhasin
21 de Fevereiro, 2022 | 09:41 AM

Bloomberg — As mulheres foram as responsáveis pela maioria das 25 medalhas da equipe americana.

As atletas da equipe dos Estados Unidos levaram para casa 17 medalhas, o maior número de qualquer outra nação nos Jogos de inverno, com 13 para mulheres e mais quatro em competições mistas. Isso incluiu medalhas de ouro e prata no evento inaugural de monobob, por Kaillie Humphries e Elana Meyers Taylor, respectivamente.

As mulheres também dominaram os eventos de snowboard: Chloe Kim conquistou o ouro no halfpipe feminino, Lindsey Jacobellis ganhou o ouro no snowboard cross feminino e Julia Marino levou para casa a prata no slopestyle feminino.

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Mesmo assim, todo o sucesso nas Olimpíadas é apenas “um verniz de igualdade de gênero” que esconde questões que podem atormentar as mulheres atletas, desde a falta de financiamento até o escrutínio desproporcional nas plataformas de mídia social por espectadores em casa, afirmou Michele Donnelly, professora de gestão esportiva da Brock University, em Ontário. Ela disse que os números de medalhas por si só não são prova de paridade nas Olimpíadas, onde cerca de 45% de todos os atletas em Pequim eram mulheres.

“Temos uma noção realmente distorcida do avanço dos Jogos em termos de igualdade de gênero”, disse Donnelly. “Celebramos as vitórias e não costumamos conversar sobre o que elas representam, apesar dos recursos muito mais limitados que os esportes femininos costumam receber.”

Para atletas do sexo feminino em particular, a falta de apoio monetário no nível olímpico se assemelha às disparidades de financiamento disponível para organizações como a WNBA, a Liga Nacional de Futebol Feminino e a Premier Hockey Federation, especialmente quando comparadas aos seus pares masculinos.

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Embora os membros da equipe dos EUA não sejam pagos para participar dos Jogos, eles podem receber prêmios em dinheiro do Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA por cada medalha que levarem para casa. Alguns atletas têm acordos lucrativos de patrocínio que correspondem ao seu status de superstar - Kim tem acordos com empresas como a Nike, a Toyota e a Monster Beverage - enquanto outros precisam manter seus empregos em outras áreas, que podem ou não se sobrepor ao seu esporte.

Os Jogos Olímpicos tendem a inspirar mais cobertura dos esportes femininos do que normalmente acontece no mainstream, mas a diferença na forma como cada esporte é julgado pode transmitir mensagens subliminares aos espectadores sobre a habilidade relativa dos atletas em geral. Em 8 de fevereiro, cinco esquiadoras foram desqualificadas para competir no evento de salto de esqui por equipes mistas devido aos uniformes que foram considerados muito largos, e alguns eventos desafiam atletas femininas com percursos diferentes dos atletas masculinos. Esses regulamentos podem sinalizar incorretamente para os espectadores que o desempenho das atletas femininas está em um nível menos de elite do que dos homens – quando, não se engane, elas estão todas participando dos mesmos Jogos Olímpicos.

Embora Donnelly esteja animada com os ganhos obtidos por atletas femininas e suas equipes nos últimos anos, ela adverte contra possíveis retrocessos devido à condescendência, bem como contra tratar o evento deste ano como um marco sem olhar para o contexto mais amplo. Também há menos oportunidades para as mulheres nas Olimpíadas de inverno, com 51 eventos masculinos e 46 para mulheres e 12 competições mistas adicionais. Muitos esportes, incluindo bobsled e luge, oferecem mais vagas para homens do que para mulheres.

“É difícil para mim, em pleno ano de 2022, ficar animada com cerca de 45% dos atletas” seremmulheres, disse Donnelly sobre os Jogos de Pequim. “É ótimo que seja um número maior do que antes, mas por que não temos, em sua definição mais básica, um número igual de atletas entre homens e mulheres?”

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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