EUA ampliam alerta sobre Ucrânia enquanto Rússia nega plano de invasão

Biden disse a repórteres que a probabilidade de uma invasão da Ucrânia é “muito alta” e que ele espera um ataque nos próximos dias

Separatistas apoiados por Moscou alegaram que as forças ucranianas violaram o cessar-fogo em vários lugares nesta quinta-feira (17)
Por Vladimir Kuznetsov e Nancy Cook
17 de Fevereiro, 2022 | 01:12 PM

Bloomberg — Os Estados Unidos aumentaram os alertas de um possível ataque russo à Ucrânia, com o presidente Joe Biden dizendo que um evento de “alarme falso” pode estar em andamento e um importante diplomata descrevendo Moscou como se movendo em direção a uma “invasão iminente”.

Autoridades russas disseram que nenhuma invasão da Ucrânia estava em andamento e que nenhuma estava planejada. Mas o Kremlin disse em uma resposta oficial às garantias de segurança propostas pelo governo Biden que as ofertas eram insatisfatórias e a Rússia poderia ter que recorrer a “medidas técnico-militares” não especificadas.

O secretário de Estado Antony Blinken mudou seus planos de viagem nesta quinta-feira (17) para falar ao Conselho de Segurança da ONU sobre a crise. A Rússia expulsou o vice-chefe da missão dos EUA em Moscou, Bart Gorman, no que um porta-voz do Departamento de Estado chamou de ação não provocada.

Ao deixar a Casa Branca para um discurso em Cleveland, Biden disse a repórteres que a probabilidade de uma invasão da Ucrânia é “muito alta” e que ele espera um ataque nos próximos dias.

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“Temos motivos para acreditar que eles estão envolvidos em uma operação de alarme falso para ter uma desculpa para entrar”, acrescentou, sem dar mais detalhes.

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Um alto funcionário do governo se recusou a esclarecer as observações de Biden. Hoje (17) a Ucrânia disse que um jardim de infância em uma cidade controlada pelo governo no leste do país, perto da linha de contato entre o governo e as forças separatistas, foi atingido por um morteiro.

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Os separatistas apoiados por Moscou alegaram que as forças ucranianas violaram o cessar-fogo em vários lugares na quinta-feira, incluindo o uso de morteiros. Cada lado culpou o outro por atirar primeiro e nenhuma das alegações pôde ser verificada imediatamente.

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que “as evidências no terreno são de que a Rússia está se movendo em direção a uma invasão iminente”.

Os EUA e a Otan disseram que a Rússia reuniu cerca de 150.000 soldados perto da fronteira com a Ucrânia em preparação para uma possível invasão, dizendo não ver evidências de uma retirada russa anunciada no início desta semana.

A Rússia descartou os avisos como “histeria”, mas continua seus maiores exercícios em anos na vizinha Bielorrússia, que devem terminar em 20 de fevereiro. Também está realizando exercícios navais no Mar Negro, programados para terminar no fim de semana.

O Kremlin negou repetidamente que pretende invadir a Ucrânia, embora o presidente russo, Vladimir Putin, tenha exigido concessões da Otan enquanto monta forças em todo o país, incluindo tanques, artilharia e outros equipamentos.

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O Ministério das Relações Exteriores da Rússia entregou um documento de 11 páginas nesta quinta-feira com sua resposta às propostas dos EUA entregues no mês passado, abordando as demandas de Moscou por garantias de segurança. Putin disse que a Otan deve prometer cessar as expansões, incluindo a recusa da adesão da Ucrânia à aliança, e remover as forças estacionadas em ex-estados soviéticos.

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A Otan rejeitou suas exigências, mas ofereceu conversas sobre outras questões de segurança, incluindo restrições de mísseis e medidas para aumentar a confiança, propostas que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, chamou de “construtivas” em uma reunião com Putin na segunda-feira (14).

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