Opep+ deve corrigir problema no abastecimento, determina IEA

Organização tem déficit de quase um milhão de barris por dia, que aumenta cada vez mais e gera volatilidade no mercado

No entanto, há relutância em seguir adiante com a ideia
Por Salma El Wardany - Matthew Martin - Paul Wallace - Anthony Di Paola
16 de Fevereiro, 2022 | 12:10 PM

Bloomberg — A Agência Internacional de Energia – a IEA, na sigla em inglês – instou a Opep e seus aliados a corrigir um déficit cada vez maior em sua produção de petróleo, já que um mercado volátil fez com que os preços do petróleo bruto subam para US$ 100 o barril.

Embora o consumo de combustível esteja se recuperando dos efeitos da pandemia, a aliança de 23 países liderada pela Arábia Saudita está com problemas para restaurar a produção interrompida. Os membros precisam corrigir o problema à medida que a diferença entre a oferta real e a meta se aproxima de 1 milhão de barris por dia, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, em videoconferência em Riad.

Existe uma diferença significativa entre as metas que os países da Opep+ estabelecem em termos níveis de produção e o que é de fato produzido no momento”, disse Birol na reunião organizada pelo Fórum Internacional de Energia. “Portanto, é importante que os países da Opep+ reduzam essa diferença” e “esperamos que ofereçam mais ao mercado para reduzir a volatilidade”.

Afetados por falta de investimento e interrupções, muitos membros da Opep+ não conseguem produzir os barris que prometeram. O resultante aumento nos preços do petróleo está alimentando um pico inflacionário que ameaça inviabilizar a recuperação econômica global e gerar uma crise de custo de vida a milhões.

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Os dez membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo que estão sujeitos a cotas bombearam 23,9 milhões de barris por dia em janeiro, segundo dados da AIE, ante meta de 24,6 milhões.

Três quartos dos países membros da Opep estão produzindo menos que sua metadfd

Embora os pesos pesados da aliança no Oriente Médio – Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque – possam preencher a lacuna aproveitando sua capacidade ociosa restante, Riad até agora resistiu à ideia. O ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud, também discursou na conferência em uma sessão fechada à mídia.

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Os altos preços estão afetando muitas famílias e podem se tornar um empecilho para o crescimento econômico, segundo Birol.

A situação pode ficar ainda mais crítica se o impasse entre a Rússia e o Ocidente sobre a Ucrânia escalar. Embora Moscou tenha ordenado a retirada de algumas de suas tropas, as autoridades ocidentais continuam cautelosas. Os riscos geopolíticos podem levar os preços do petróleo a US$ 125 o barril, segundo o ministro da Energia do Congo, Bruno Jean Itoua, que este ano ocupa a presidência rotativa da Opep.

Ele pediu a todos os membros da Opep que atinjam suas cotas de produção, embora os obstáculos financeiros e operacionais signifiquem que há pouco a fazer para os produtores de fora do núcleo de países do Golfo Pérsico do grupo.

“Estamos lutando para respeitar nosso compromisso”, disse Itoua. “Queremos que todos os membros da Opep+ façam o mesmo”.

Com as eleições de meio de mandato se aproximando nos Estados Unidos, os custos de energia estão se tornando uma questão cada vez mais urgente para o presidente Joe Biden, cujas tentativas de conter os preços da gasolina ao utilizar seus estoques de petróleo de emergência tiveram pouco sucesso.

Os perigos geopolíticos são um lembrete “de que ainda estamos em um lugar onde a segurança energética não pode ser considerada garantida”, disse o assessor sênior de segurança energética do Departamento de Estado, Amos Hochstein, na conferência. Os EUA desejam colaborar com consumidores e produtores para garantir suprimentos nesses “tempos difíceis”, disse.

--Com a colaboração de Julian Lee e Grant Smith.

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--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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