Grandes marcas verdes têm problemas com fornecedores ‘sujos’

Apenas metade dos fornecedores de mais de 200 empresas globais, que incluem Unilever, Nike e Alphabet, tinham metas para reduzir as emissões em 2021

Marcas raramente olham além de suas próprias emissões
Por Irina Anghel - Akshat Rathi
12 de Fevereiro, 2022 | 07:59 AM

Bloomberg — Muitas grandes marcas com ambições verdes não conhecem os impactos de carbono de sua cadeia de suprimentos, mostra um novo relatório.

Apenas metade dos fornecedores de mais de 200 empresas globais, que incluem Unilever (UL), Nike (NKE) e Alphabet (GOOG), tinham metas para reduzir as emissões em 2021, de acordo com um relatório publicado na quinta-feira (10) pela organização sem fins lucrativos CDP.

À medida que as empresas se esforçam para estabelecer metas para zerar suas emissões líquidas em décadas, elas estão tendo dificuldade em elaborar a um plano para o escopo total de suas emissões. O impacto de carbono dos fornecedores, definido como emissões de Escopo 3 nas contas de carbono, normalmente é muitas vezes maior do que as emissões diretas da empresa, chamadas de Escopo 1 e 2.

Quase nenhuma das metas estabelecidas pelos fornecedores foi avaliada pela iniciativa Science-Based Targets, um árbitro dos planos climáticos corporativos. Os fornecedores também não parecem ter tanta pressa em definir objetivos de redução de emissões. No ritmo médio atual, levaria pelo menos mais uma década para que os 5.000 fornecedores restantes se reportassem ao CDP para criar qualquer tipo de cartilha climática. (A Bloomberg Philanthropies está entre os financiadores da SBTi.)

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As marcas raramente olham além de suas próprias emissões, embora suas complexas redes de fornecimento possam emitir mais de 11 vezes mais gases de efeito estufa do que suas próprias operações, segundo o relatório. Isso significa que as 207 empresas que se reportam ao CDP podem parecer estar no caminho certo para atingir suas metas de zerar as emissões líquidas, enquanto compram US$ 5,5 trilhões em bens e serviços de fontes sujas.

Isso é muito ruim, dizem os pesquisadores. Esses fornecedores, que trabalharam em conjunto com marcas em planos climáticos, mapearam iniciativas para reduzir as emissões de CO2 em 231 milhões de toneladas em 2021, aproximadamente o mesmo que a pegada anual do Paquistão, segundo o Global Carbon Project.

“Nossos dados mostram que a aspiração ambiental corporativa ainda está longe de ser ambiciosa o suficiente”, disse Sonya Bhonsle, chefe global de cadeias de valor do CDP, em comunicado. “Além disso, as empresas têm uma visão muito estreita quando se trata de avaliar seus impactos indiretos e se envolver com fornecedores para reduzi-los.”

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O impacto ambiental vai além das emissões de gases de efeito estufa. A aquisição de commodities de áreas vulneráveis ao desmatamento é outra área de preocupação. Ainda assim, mais da metade dos comerciantes, fabricantes e varejistas se envolvem além dos fornecedores de primeira linha para combater isso. A situação também é terrível quando se trata de riscos como inundações e escassez de água. Apenas 16% das empresas trabalham com fornecedores para gerenciar a segurança hídrica.

A Unilever, Nike e Alphabet não responderam aos pedidos de comentários.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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