Saraiva terá de vender loja do shopping Ibirapuera para pagar credores

Credores da rede de livrarias devem votar nova proposta de plano de recuperação judicial no próximo dia 16

Loja da Saraiva em shopping: últimas unidades foram fechadas enquanto a rede de livrarias passa pelo processo de recuperação judicial
11 de Fevereiro, 2022 | 08:05 PM

São Paulo — O grupo Saraiva (SLED3), que foi a maior rede de livrarias do Brasil, apresentou aos credores uma nova versão do plano de recuperação judicial, que prevê medidas para reestruturação de suas dívidas e geração de caixa para a continuidade de suas atividades, como a realização de um leilão para a venda da loja do shopping Ibirapuera, em São Paulo. A proposta deve ser votada no próximo dia 16 em nova assembleia de credores,

O primeiro plano se pautava na concretização da venda de lojas e site, mas não houve interessados. Por isso, a companhia apresentou um segundo plano aditivo, anteontem (9). O novo plano prevê um novo leilão para a venda da loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo. Caso não seja vendido, como ocorreu no primeiro leilão, a Saraiva poderá, durante um ano, realizar novas tentativas, a cada 30 dias úteis. O valor mínimo da venda foi fixado em R$ 27.251.900. O leilão tem de ser realizado no prazo de até 60 dias após a homologação do segundo plano aditivo.

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Segundo o documento apresentado pela Saraiva aos credores, os recursos obtidos com a venda da loja vão pagar prioritariamente os credores titulares de eventuais garantias sobre os bens que integram essa loja, sendo que o eventual valor remanescente terá de ser utilizado para a recomposição de capital de giro ou realização de investimentos.

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Outro ponto da nova versão do plano da Saraiva é a venda de direitos creditórios, reunidos em uma UPI (unidade produtiva isolada). Os recursos obtidos com a venda dessa unidade serão destinados à recomposição de capital de giro ou investimentos. O plano traz ainda como será o pagamento dos credores, dependendo da classe.

Na nova versão do plano, o grupo lista os fatores que a levaram à recuperação judicial nestes termos: “A crise do Grupo Saraiva, de modo resumido, decorre de diversos fatores, conforme razões expostas na petição inicial da Recuperação Judicial, dentre eles (i) a grave crise econômico-financeira que assola o país desde meados de 2014, que afetou drasticamente o varejo ao diminuir o poder aquisitivo dos consumidores, (ii) a greve dos caminhoneiros ocorrida em 2018, (iii) os reiterados desabastecimentos de fornecedores de telefonia e tecnologia, (iv) os reiterados problemas de abastecimento havidos com seus principais fornecedores de livros, (v) os problemas com a implantação do sistema SAP, e (vi) a escassez de crédito bancário. Além desses fatores que levaram o Grupo Saraiva a apresentar seu pedido de Recuperação Judicial, as suas atividades foram diretamente impactadas pela recente e continuada pandemia da Covid-19″.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.