Mercados apagam ganhos com tensão geopolítica tomando forma

Investidores preferiram se retirar de ativos de risco e migrar os de proteção, principalmente pela véspera de mercados fechados no fim de semana

Ibovespa deixou a geopolítica de lado e fechou no azul, sustentado principalmente pelos papéis da Petrobras e Itaú
11 de Fevereiro, 2022 | 06:22 PM

Bloomberg Línea — Os mercados globais apagaram ganhos e aceleraram perdas depois que a Casa Branca alertou para um possível avanço das tropas russas sobre a Ucrânia. Os Estados Unidos acreditam que a Rússia poderia tomar uma ação militar ofensiva ou tentar desencadear um conflito dentro da Ucrânia já na próxima semana, disse o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan.

Um ataque russo provavelmente começaria com bombardeios aéreos e ataques com mísseis que causariam baixas civis generalizadas, disse Sullivan, incentivando os americanos na Ucrânia a sair o mais rápido possível.

Os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin falarão amanhã (12) à medida que as tensões aumentam sobre a crise na Ucrânia, de acordo com uma autoridade dos EUA. Os EUA disseram que a inteligência indica que a Rússia pode atacar a Ucrânia antes que as Olimpíadas terminem em 20 de fevereiro. A Rússia disse que não tem intenção de invadir.

Com isso, os investidores preferiram se retirar de ativos de risco e migrar para os papéis tidos como proteção, principalmente pela véspera de mercados fechados no fim de semana.

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Ainda assim, descolado da sangria dos mercados americanos, o Ibovespa (IBOV) deixou a geopolítica de lado e fechou no azul, sustentado principalmente pelos papéis da Petrobras (PETR4 e PETR3), em dia de alta do petróleo, e Itaú (ITUB4), que divulgou balanço na véspera.

  • O Ibovespa fechou em alta de 0,18%, a 113.572 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 1,18%
  • O dólar ficou próximo à estabilidade, a R$ 5,25. Os vencimentos dos juros avançaram. O DI para janeiro de 2023 subiu de 12,350% para 12,475%
  • Nos EUA, o Dow Jones fechou em queda de 1,43%, o S&P 500, 1,90%, e o Nasdaq, 2,78%

Tensão Rússia X Ucrânia

O conflito “poderia começar durante as Olimpíadas, apesar de muita especulação de que só poderia acontecer após” o fim dos Jogos de Inverno, disse Sullivan a repórteres na Casa Branca nesta sexta-feira (11). “O que podemos dizer é que há uma perspectiva crível de que uma ação militar russa ocorra mesmo antes do final das Olimpíadas.”

Veja mais: Treasuries devolvem alta da semana no rendimento com ameaça à Ucrânia

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As ações da Rússia podem incluir gerar uma provocação na região de Donbas, onde militares da Ucrânia lutam há anos contra separatistas apoiados por Moscou, ou atacar a capital do país, Kiev, disseram autoridades familiarizadas com o assunto, pedindo para não serem identificadas falando sobre um tema tão delicado. Eles disseram que qualquer ação pode começar já na terça-feira (15).

A maior incógnita continua sendo as intenções do presidente russo Vladimir Putin. Os EUA não sabem se Putin decidiu implementar esses planos, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Além disso, os EUA não compartilharam evidências que sublinhem as avaliações, disseram eles.

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.