Vitória da seleção do Senegal gera demanda por técnicos africanos

Treinadores europeus costumavam liderar as equipes africanas, mas há consciência de que os técnicos locais são tão bons ou até melhores

Senegalês leva Copa das Nações Africanas em decisão nos pênaltis
Por Yinka Ibukun
09 de Fevereiro, 2022 | 01:04 PM

Bloomberg — Antes de liderar a seleção nacional de futebol do Senegal em sua primeira vitória na Copa das Nações Africanas, o treinador e herói local Aliou Cisse teve tempo para aprender com os contratempos anteriores.

Seu time Teranga Lions derrotou o Egito – sete vezes vencedor – na final do torneio conhecido como AFCON no domingo (6), com a estrela do Liverpool, Sadio Mane, marcando o gol decisivo em uma disputa de pênaltis após a partida terminar em 0 a 0. O time da África Ocidental finalmente vigorou depois de perder as finais em 2002 e 2019.

Cisse, nome famoso em seu país natal, o Senegal, desempenhou um papel fundamental nas três partidas em questão. O técnico de 45 anos foi o capitão da sua seleção como jogador em 2002, ano que também contou com a equipe nas quartas de final da Copa do Mundo. Ele voltou como treinador em 2015 e foi derrotado pela Argélia no AFCON quatro anos depois, antes do triunfo de 2022.

“Para o povo do Senegal, esta Copa é sua”, disse Cisse em vídeo nas redes sociais divulgado após a final. “Obrigado pelo apoio. Nunca desistimos, sempre lutamos. Agora, o troféu volta para casa”.

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Talentos locais

A história do técnico pode incentivar as federações africanas de futebol a confiar mais nos talentos locais. A preferência por treinadores europeus – às vezes conhecidos como “magos brancos” – costumava ser a norma; o francês Claude Le Roy treinou seis equipes africanas diferentes, incluindo o Senegal, e venceu o torneio de 1988 com Camarões. Seu compatriota Herve Renard é o único treinador a vencer a AFCON com dois times diferentes: Zâmbia e Costa do Marfim.

O momento decisivo foi em 2019, quando 11 dos 24 técnicos no AFCON eram africanos, em comparação com os meros quatro entre 16 na edição anterior. Essa tendência se manteve no torneio deste ano, no qual 15 treinadores não eram apenas africanos, mas também dos países de suas seleções.

“Há uma consciência de que os treinadores locais podem ter um desempenho tão bom ou até melhor do que os europeus”, disse Mansour Loum, editor-chefe da Sport News Africa. Mas eles precisam de treinamento e confiança para se chegar ao topo, disse.

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Uma nova geração de jogadores está criando um vínculo fácil com os técnicos que treinaram seus times quando eram mais novos. Mane e o goleiro do Senegal, Edouard Mendy, disseram em entrevista à BBC Sport que queriam vencer por Cisse. O comorense Amir Abdou liderou sua equipe na virada do torneio contra Gana. A Nigéria renovou o contrato do técnico Augustine Eguavoen, apesar de este ter sido derrotado nas oitavas de final.

A vitória de Cisse deve permitir que outros treinadores sejam perdoados por algumas derrotas, disse Loum.

“Ele cresceu com a equipe”, disse ele. “Os jogadores ficaram ao seu lada e esse foi o resultado”.

--Com a colaboração de Baudelaire Mieu.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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