Fundo ESG de sucesso prevê migração para empresas europeias

Analistas ressaltaram que a composição diferente dos fundos nos EUA e na Europa deixa os americanos mais expostos a mudanças da política monetária

Os fundos europeus de perfil ESG são mais voltados para ações de empresas ligadas à transição energética
Por Lisa Pham
07 de Fevereiro, 2022 | 12:34 PM

Bloomberg — A queda das ações de tecnologia dos Estados Unidos neste ano pode direcionar muitos investidores com preocupações ESG para a Europa, em busca de melhores taxas de retorno. A previsão é de um fundo de hedge focado em sustentabilidade que deixou a concorrência para trás.

Grandes empresas de tecnologia — como Meta Platforms, a dona do Facebook, — há muito tempo fazem parte de fundos ESG, porém diversas companhias europeias oferecem atributos mais duradouros em termos ambientais, sociais e de governança (componentes da sigla ESG em inglês), segundo Donald Pepper, co-CEO do Trium Capital.

“Foi uma jogada excelente para quem conseguiu sair no meio do ano passado, foi um período fantástico”, disse Pepper sobre as ações de tecnologia. Mas com a postura mais agressiva do banco central dos EUA, esse ganho de repente ficou muito mais arriscado. Acho que os investidores vão começar a olhar de forma mais ampla e perceber que deveriam voltar a considerar empresas europeias, que são realmente interessantes”.

O Trium ESG Emissions Impact Fund tem entre seus ativos ações de SSAB, Eramet e Centrica. O fundo conseguiu gerar retorno de 5,8% neste ano ao evitar papéis das gigantes de tecnologia. Fundos de hedge semelhantes tiveram, em média, perda de 0,8%. Assim, o Trium está à frente de 97% de seus pares após um início de ano volátil nos mercados, segundo dados compilados pela Bloomberg.

PUBLICIDADE

O tombo das ações de tecnologia dominou as manchetes nas primeiras semanas de 2022. A queda de 9% do Nasdaq Composite Index fez de janeiro o pior mês desde o movimento de pânico dos primeiros dias da pandemia. O começo de ano ruim no setor tecnologia — em especial a impressionante derrapada da Meta — abalou vários fundos ESG.

Veja mais: Semana foi intensa para ações de tech nos EUA

O gigante iShares ESG Aware MSCI USA caiu cerca de 6,5% neste ano. Esse fundo negociado em bolsa da BlackRock tem grande alocação em ações de tecnologia como Apple, Microsoft, Amazon.com e Meta.

PUBLICIDADE

Analistas do Deutsche Bank ressaltaram que a composição diferente dos fundos ESG nos EUA e na Europa deixou os fundos americanos mais expostos a mudanças da política monetária.

Os fundos ESG dos EUA têm enfrentado mais dificuldades do que os europeus principalmente por que têm grande dependência do setor de tecnologia, escreveram os analistas em relatório divulgado em 27 de janeiro. Enquanto isso, os fundos europeus de perfil ESG são mais voltados para ações de empresas ligadas à transição energética.

“A natureza do mercado dos EUA significa que os fundos ESG são muito concentrados em tecnologia”, afirmaram os analistas. “Os grandes fundos europeus são muito menos expostos a tecnologia e alguns fundos estão comprando empresas de energia por causa de seus planos de transição. Assim, à medida que o mercado se desenvolve, a pauta ESG tem cada vez mais nuances e complicações.”

Na semana passada, altos executivos da BlackRock enviaram carta a clientes relatando seu otimismo em relação a companhias de energia que terão bom desempenho na transição de combustíveis fósseis para renováveis. A maior gestora de ativos do mundo — que no ano passado previu uma “vasta realocação” para ESG — descreveu esses investimentos como “oportunidade subestimada”.

Veja mais em bloomberg.com