Marcelo Claure negocia saída do SoftBank após conflito com fundador

Nestes últimos meses, o COO pressionou por receber até US$ 1 bilhão por seu trabalho

Marcelo Claure
Por Giles Turner e Jorgelina Do Rosario
27 de Janeiro, 2022 | 02:08 PM

Bloomberg — O COO do SoftBank Group Marcelo Claure está se preparando para sair do conglomerado japonês depois de entrar em conflito com o fundador Masayoshi Son sobre remuneração e responsabilidades, segundo pessoas familiarizadas com a situação.

O boliviano-americano de 51 anos concordou em vender uma participação majoritária em sua distribuidora de telefones celulares para o SoftBank em 2013, tornando-se um dos principais associados de Son, além de multimilionário. Ainda assim, Claure, o segundo executivo mais bem pago do SoftBank no último ano fiscal, pleiteou uma remuneração mais alta e mais poder de decisão em várias ocasiões.

Nestes últimos meses, ele pressionou por até US$ 1 bilhão em compensações por suas atividades, entre elas a recuperação e a venda da Sprint. Ele também pleiteou a cisão do fundo de investimento com foco na América Latina que ele supervisiona, informou a Bloomberg News no ano passado.

Claure considerou deixar o cargo no passado, mas não o fez efetivamente. As negociações desta vez estão avançadas, e o COO planeja deixar a empresa nas próximas semanas, disse uma pessoa.

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O SoftBank não quis comentar.

Claure argumentou que a cisão do fundo latino-americano ajudaria a impulsionar o negócio e criar valor para o SoftBank, aumentando sua remuneração ao mesmo tempo, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na época. Son não enxergava beneficios para os acionistas do SoftBank na cisão e acreditava que isso complicaria a gestão e a governança, disseram as pessoas. A Bloomberg News informou em outubro que Claure pode deixar o SoftBank como resultado desse desacordo.

Claure, promovido a COO em 2018, sugeriu uma remuneração muito maior por seu trabalho ao enfrentar difíceis desafios operacionais para Son. Claure assumiu o cargo de CEO da Sprint e liderou a recuperação da companhia aérea, culminando em sua venda para a T-Mobile US (TMUS) em 2020.

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Depois, ajudou a salvar um investimento na WeWork após o IPO fracassado da empresa em 2019. Ele continua supervisionando a empresa de escritórios compartilhados, que abriu capital em outubro sob a liderança do CEO Sandeep Mathrani.

A iniciativa latino-americana não é tão importante quanto o gigante Vision Fund, mas cresceu até US$ 8 bilhões desde seu lançamento em março de 2019. Sob a liderança de Claure, o fundo apoiou 48 empresas e gerou uma taxa de retorno interno de 85% em dólares, informou a empresa em setembro.

Son e o SoftBank tiveram um ano atribulado. Seu Vision Fund teve vários grandes sucessos, incluindo o pioneiro do comércio eletrônico Coupang, que impulsionou as ações do SoftBank para mais de 10 mil ienes (aproximadamente US$82) em março.

Mas a empresa de Son passou por uma avalanche de problemas nos últimos meses, incluindo a pressão regulatória da China às empresas de tecnologia. O investimento individual mais valioso do SoftBank, o Alibaba Group Holding (BABA), é dos principais alvos do esforço antitruste de Pequim. O SoftBank também é um dos principais players que apoiou a Didi Global, aplicativo de transporte que disse que sairia das bolsas americanas apenas cinco meses após seu IPO.

Além da China, a pioneira em pagamentos digitais Paytm, outra empresa do portfólio do SoftBank, sofreu um dos piores IPOs de uma empresa de tecnologia.

Então, em dezembro, autoridades antitruste dos Estados Unidos tentaram impedir a venda da designer de chips Arm Ltd. do SoftBank para a Nvidia (NVDA). A Bloomberg News informou esta semana que a Nvidia está se preparando discretamente para abandonar seus esforços para adquirir a Arm.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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