Pedido de recuperação judicial da Via é improvável, diz relatório da XP

Analistas do grupo financeiro dizem que provisão trabalhista de R$ 1,2 bilhão preocupa investidores

O portfólio da Via inclui marcas como Casas Bahia, PontoVaFrio, Extra. com, Bartira, banQi, ASAP Log, i9XP e Distrito
19 de Janeiro, 2022 | 11:47 AM
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São Paulo — Um possível pedido de recuperação judicial por parte da Via (VIIA3), rede de móveis e eletrodomésticos dona das bandeiras Casas Bahia, Ponto, Extra.com.br e Bartira, preocupa investidores, segundo um relatório divulgado por analistas do grupo financeiro XP (XP), ontem (18).

“Recentemente, fomos questionados por investidores quanto a um possível pedido de recuperação judicial (RJ) por parte da Via. Em nossa visão, vemos o pedido de RJ como improvável”, avalia a XP no relatório assinado por Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.

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Os analistas dizem que a preocupação dos investidores pode ser decorrente da provisão trabalhista de R$ 1,2 bilhão anunciada na divulgação do resultado financeiro do terceiro trimestre pela companhia. O valor deve ser desembolsado ao longo dos próximos anos.

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Não vemos nenhum indício de a companhia estar em processo de pedido de RJ no momento”, reforça a XP.

O relatório sustenta que a Via renegociou os vencimentos de suas dívidas, com 78% com vencimento no longo prazo, versus 40% no fim de 2020. Além disso, a XP cita que a posição de caixa da Via permanece “sólida, com R$ 1,6 bilhão à disposição”.

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“Em um cenário de uma potencial RJ, as companhias buscam fazer desinvestimento para reforço de caixa, enquanto a companhia recentemente anunciou a aquisição da logtech CNT”, observam os analistas.

A XP reiterou sua recomendação neutra e preço-alvo de R$ 10/ação, justiciando enxergar “um ambiente competitivo agressivo no segmento de e-commerce e um cenário macroeconômico desafiador para 2022″.

A ação da Via fechou, ontem, cotada a R$ 3,75, acumulando em janeiro desvalorização de 25,90% e de 72,84% em 12 meses. Em 52 semanas, o papel variou de uma mínima de R$ 3,75 a uma máxima de R$ 16,19.

Três anos

Em novembro, a Via divulgou esperar que o impacto das provisões prossiga nos próximos três anos, atingindo em 2024 um padrão do mercado. No terceiro trimestre, a companhia reportou um prejuízo contábil de R$ 638 milhões devido ao impacto negativo do aumento de provisões com processos trabalhistas.

Houve uma alta de 32% nos valores dessas ações, segundo a varejista. A Via explicou isso citando prática da antiga administração da companhia de levar os casos até os tribunais de justiça superiores, o que gera correção mais alta dos valores.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.