Predomínio do Bitcoin em pagamentos com criptomoedas diminui

Uso de moedas alternativas aumentou em parte porque mais empresas começaram a usar stablecoins para pagamentos internacionais

Bitcoin
Por Olga Kharif
17 de Janeiro, 2022 | 08:43 PM

Bloomberg — Consumidores e empresas estão cada vez mais começando a usar tokens digitais além do Bitcoin (BTC) para compras, de acordo com BitPay, um dos maiores processadores de pagamentos de criptomoedas do mundo.

No ano passado, o uso do Bitcoin por comerciantes que usam BitPay caiu para cerca de 65% dos pagamentos processados, ante 92% em 2020, disse a empresa à Bloomberg. As compras de Ether (ETH) representaram 15% do total, as stablecoins responderam por 13% e as novas moedas adicionadas ao BitPay em 2021, Dogecoin, Shiba Inu e Litecoin, representaram 3%.

O uso de moedas alternativas aumentou em parte porque mais empresas começaram a usar stablecoins para pagamentos internacionais. Os consumidores também tendem a migrar para stablecoins, cujo valor espera-se que permaneça estável, quando os preços das criptomoedas caem, e eles vêm caindo desde o início de novembro. Moedas como Doge também ficaram em foco no ano passado, graças a fãs como o presidente-executivo da Tesla (TSLA), Elon Musk, que na sexta-feira disse que o token pode ser usado para comprar mercadorias da empresa.

Com o preço do Bitcoin subindo 60% no ano passado, apesar da volatilidade do quarto trimestre, muitos investidores também podem ter escolhido manter a maior criptomoeda do mundo ao invés de gastá-la.

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Quando eles gastaram suas criptomoedas, muitos compraram bens de luxo como joias e relógios, carros, barcos, e até (tampem seus ouvidos) ouro, que o Bitcoin, anunciado como ouro digital, supostamente deveria substituir, de acordo com o BitPay. Os volumes de transações da empresa privada com sede em Atlanta relacionados a bens de luxo aumentaram 31% no ano passado, de 9% em 2020, disse o CEO Stephen Pair. Os volumes gerais de pagamentos da empresa em 2021 aumentaram 57% em comparação ao ano passado.

A BitPay foi fundada em 2011, quando poucas empresas aceitavam moedas digitais. Hoje processa uma média de cerca de 66.000 transações por mês. Isso é uma pequena fração do, digamos, volume da Visa: a rede de cartões de crédito processou 206 bilhões de transações no exercício encerrado em 30 de junho de 2021.

A BitPay, com seu volume anual de transações de US$ 1 bilhão e 80 funcionários, ajuda empresas como Microsoft e AT&T a aceitarem pagamentos em criptomoedas.

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Também pode servir como um barômetro da indústria.

“Nosso negócio vai e vem até certo ponto com o preço, quando o preço cai, as pessoas tendem a gastar menos”, disse Pair. “Não experimentamos tanto declínio no volume com essa recente retração. Provavelmente é apenas um reflexo de que mais e mais empresas precisam usar isso como uma ferramenta para realizar pagamentos.”

Mais comerciantes estão aceitando pagamentos de criptomoedas agora. No ano passado, o BitPay começou a trabalhar com VeriFone para aceitação de moedas digitais em seus terminais de várias lojas.

Uma lista crescente de empresas, incluindo a PayPal, também tem entrado nos pagamentos de criptomoedas, mostrando o potencial de crescimento do mercado de pagamentos.

“A entrada do PayPal nesse espaço foi ótimo para nossos negócios, porque faz com que as empresas comecem a se perguntar se devem aceitar pagamentos em criptomoedas”, disse Pair. A BitPay teve um crescimento de receita de quase 50% no ano passado, disse ele.

A empresa levantou US$ 72 milhões de empresas como Index Ventures e Founders Fund. Ela não espera abrir o capital, fazer outra rodada de financiamento ou uma venda no curto prazo, embora tenha falado sobre um IPO internamente, disse Pair.

“Nós realmente gostamos de onde estamos estrategicamente”, disse Pair. “Este espaço ainda é muito jovem. Muito disso tem a ver com o que pensamos sobre o tempo. Nos próximos dois anos, provavelmente veremos um crescimento muito substancial”.

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