Peso mexicano volta a ganhar preferência dos investidores

Moeda superou todas as 24 divisas de mercados emergentes monitoradas pela Bloomberg desde o final de novembro

Este pode ser apenas o começo de uma forte corrida pelo peso, já que os investidores são atraídos pela alta das taxas de juros do México
Por George Lei e Maria Elena Vizcaino
15 de Janeiro, 2022 | 07:53 AM

Bloomberg — O peso está novamente ganhando a preferência dos investidores, depois de um breve período de volatilidade no final do ano passado.

A moeda superou todas as 24 divisas de mercados emergentes monitoradas pela Bloomberg desde o final de novembro, quando o presidente Andres Manuel Lopez Obrador escolheu um nome relativamente desconhecido como presidente do Banxico e provocou turbulência nos mercados.

A moeda atingiu a alta máxima em dois meses na quinta-feira, incólume à disparada dos rendimentos dos títulos dos EUA.

Este pode ser apenas o começo de uma forte corrida pelo peso, já que os investidores são atraídos pela alta das taxas de juros do México, que tem um calendário sem eleições e laços estreitos com a economia dos EUA. Isso é ainda mais atraente em uma região onde a incerteza política aliada ao mercado global turbulento aumenta a volatilidade implícita, tornando mais caro para operadores manter moedas mais arriscadas.

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A taxa de juros básica do México, de 5,5%, é bem menor do que a do Brasil, de 9,25%, mas a volatilidade implícita de um dígito do peso está bem abaixo da do real, que é superior a 14%. Também é muito inferior às do rublo russo e do rand sul-africano, o que dá ao peso um dos melhores perfis de risco-retorno no mundo em desenvolvimento.

“O peso mexicano ainda é uma das moedas mais atraentes entre os mercados emergentes”, disse Mauro Roca, diretor administrativo de mercados emergentes do TCW Group, em Los Angeles.

Volatilidade do peso mexicano se aproxima de níveis de fevereiro de 2020, ainda oferecendo um dos melhores risco-recompensa entre pares emergentesdfd

O banco central do México, conhecido como Banxico, elevou a taxa básica de juros em 125 pontos base no ano passado, com a inflação acelerando para o ritmo mais rápido em duas décadas. Economistas prevêem que a taxa chegue a pelo menos 6,50% até o final de 2022, segundo a última pesquisa do Citibanamex.

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Os operadores, entretanto, preveem um aperto mais agressivo, com aumento de mais de 200 pontos base, o que ajuda o peso a resistir à turbulência causada pelas expectativas de aperto do Federal Reserve.

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“Os riscos estão claramente inclinados para a alta”, da taxa de referência, escreveram em nota os analistas do Citibanamex liderados pelo economista-chefe Adrian de la Garza. O banco atualmente prevê aumentos de 125 pontos base da taxa este ano.

A próxima reunião do Banxico em 10 de fevereiro será a primeira sob a liderança de Victoria Rodriguez Ceja -- os investidores examinam os discursos das autoridades para determinar se a alta de 50 pontos-base do mês passado foi um evento único. A nomeação de Rodriguez, que tem pouca experiência em política monetária e fez poucos comentários sobre a inflação, abalou os mercados e levou o peso para a mínima de 2021, a de 22,155 por dólar em novembro.

Sacha Tihanyi, chefe de estratégia de mercado emergente da TD Securities em Toronto, disse que existe a possibilidade de o banco central não entregar os aumentos de taxa que os operadores esperam, o que afetaria o peso.

“O Banxico decepcionará as expectativas do mercado? Os riscos não são zero, principalmente no patamar em que as taxas já estão precificadas”, disse Tihanyi.

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