Economia alemã encolhe 1% no último trimestre de 2021

Projeção para 2022 é otimista com apostas na resolução dos gargalos na cadeia de suprimentos

Alemanha teve desenvolvimento mais vagaroso que o resto do continente europeu
Por Jana Randow
14 de Janeiro, 2022 | 12:04 PM

Bloomberg — A economia da Alemanha contraiu até 1% no último trimestre de 2021, à medida que o surgimento da variante ômicron do coronavírus aumentou os problemas na produção devido aos gargalos na oferta e à inflação mais rápida em três décadas.

O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu entre 0,5% e 1% no período de três meses, disse o Escritório Federal de Estatísticas na sexta-feira (14) em um briefing. No acumulado do ano, a economia avançou 2,7%, estando em linha com as expectativas.

Economia chegou a recuar 1% no último semestre de 2021dfd

No entanto, isso deixa o PIB ainda 2% abaixo de seu nível em 2019 – antes da covid-19 – e atrás de outras grandes economias da Europa na corrida pela recuperação pós-pandemia. Analistas estimam que França, Itália e Espanha devem registrar expansão de 4,5% ou mais no final deste mês.

A maior economia do continente deve se recuperar no próximo ano – mesmo que a rápida disseminação da ômicron ameace trazer restrições mais rígidas, escassez de pessoal e cortes de produção no curto prazo.

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Embora a onda de infecções causadas pela variante pese durante os meses de inverno, haverá um “impulso significativo” a partir da primavera europeia, segundo o Bundesbank, que prevê um crescimento de 4,2% para todo o ano de 2022.

Contudo, a Alemanha pode ter que passar por uma recessão técnica primeiro. O economista do Dekabank, Andreas Scheuerle, prevê que a produção encolherá 0,8% entre janeiro e março – o segundo trimestre consecutivo de contração.

Ele afirma que os números do ano inteiro divulgados na sexta-feira sugerem que a economia deve ter um desempenho melhor do que o relatado nos trimestres anteriores.

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Recuperação da Alemanha em 2021 foi mais lenta que no resto da Europadfd

O que diz a Bloomberg Economics

A disseminação das variantes delta e ômicron trouxe restrições mais rígidas à hospitalidade, pesando sobre o setor hoteleiro, enquanto a escassez de peças mantém a produção industrial muito abaixo da demanda. Ambas questões devem melhorar um pouco durante o primeiro trimestre, mas uma recuperação mais completa só ocorrerá no final do ano.

--Jamie Rush, economista sênior da Europa.

Grande parte das dificuldades da Alemanha está enraizada em sua ampla dependência da manufatura – uma vantagem durante crises anteriores que se transformou em um problema quando os suprimentos de microchips acabaram e outros componentes ficaram mais escassos. As montadoras foram as mais afetadas, com quase um quinto dos funcionários da indústria dispensados em dezembro.

Conforme a ômicron se dissemina, as normas mais rigorosas de vacinação podem aliviar a pressão sobre as fábricas. Na quarta-feira (12), o chanceler Olaf Scholz reafirmou seu apoio à obrigatoriedade das vacinas para todos os adultos, ao passo que a Volkswagen (VOW3) intensificou sua própria campanha de vacinação.

A inflação foi outro obstáculo. Quase 80% dos varejistas não alimentícios pesquisados pelo grupo industrial HDE disseram estar insatisfeitos com as vendas de final de ano, que também foram prejudicadas pelas regras que proíbem a circulação de clientes não vacinados que não se recuperaram da covid-19.

Alemanha passa por um grande aumento nas pressões sobre os preçosdfd

O gasto privado permaneceu inalterado no ano passado, enquanto a taxa de poupança permaneceu elevada em 15%.

Essas economias podem agora ser cruciais para amortecer o impacto da alta dos preços. O governo da Alemanha também está considerando fornecer um auxílio para famílias que lutam para pagar as contas de energia cada vez mais altas.

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Um destaque foi a BioNTech (B1NT34), cuja parceria com a Pfizer (PFE) produziu uma das primeiras vacinas do mundo contra o coronavírus. Apenas a receita da farmacêutica pode ter contribuído com meio ponto percentual para o crescimento econômico no ano passado, segundo Sebastian Dullien, diretor do IMK Macroeconomic Policy Institute.

Ele está otimista para 2022, projetando uma expansão de 4,5%.

Esperamos que os rompimentos na cadeia de suprimento melhorem durante o ano, permitindo que a produção se recupere’, afirmou Dullien. “Ao mesmo tempo, os consumidores buscam gastar uma parte significativa de suas economias se a pandemia permitir. Isso me deixa confiante de que a economia terá um bom ano”.

--Com a colaboração de Angela Cullen, Josefine Fokuhl, Harumi Ichikura, Kristian Siedenburg e Iain Rogers.

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--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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