Turismo só deve superar freio da ômicron na primavera, diz CNC

Pesquisa da CNC diz que ômicron deu um freio na recuperação do setor de serviços com o cancelamento do carnaval

Em São Paulo, maior metrópole do país, o IMAT-SP (Índice Mensal de Atividade do Turismo) apresentava crescimento mês após mês desde maio do ano passado, segundo o monitoramento feito pela FecomercioSP, em parceria com o SPTuris
13 de Janeiro, 2022 | 07:27 PM

São Paulo — O aumento no número de casos de contaminação pela ômicron deve frear o ritmo de recuperação do setor de turismo e de serviços no Brasil em 2022, projetou uma pesquisa divulgada, nesta quinta-feira (13), pela divisão econômica da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). As atividades turísticas só devem se recuperar do baque provocado pela variante da covid em setembro, mês de início da primavera no hemisfério sul.

“A rápida disseminação e predomínio da nova variante têm provocado o cancelamento de eventos relevantes da alta temporada do turismo brasileiro, em especial do carnaval, em diversas localidades. Até o início da crise sanitária, o evento movimentava R$ 8,1 bilhões no Brasil”, apontou a entidade do terceiro setor.

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O freio começou em dezembro e deve continuar nos primeiros meses de 2022, segundo a CNC, citando que a queda na circulação de consumidores em áreas de comércio e serviços tem sido mais acentuada na primeira semana de 2022 (-7,1%) do que nos sete primeiros dias do ano passado (-6,3%).

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Mensalmente, a divisão econômica da CNC divulga análises, feitas com base na PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nesta quinta-feira, saíram os dados da PMS de novembro de 2021.

Para as atividades turísticas, a confederação projeta avanços de 22,5% no volume de receitas em 2021 e de 1,7% em 2022. “O setor terá condições de reaver seu pleno potencial de geração de receitas a partir de setembro de 2022. Em ambos os casos, confirmadas as expectativas, tanto serviço quanto turismo registrariam as maiores taxas anuais de crescimento desde o início da PMS”, disse o oconomista da CNC e responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.

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O turismo registrou um avanço em novembro (+4,2%), apresentando a menor perda mensal de receitas em relação ao potencial do setor (R$ 10,3 bilhões). Entretanto, o volume de receitas em novembro ainda se situava 16,2% abaixo do período pré-pandemia. Desde o início da crise sanitária, as atividades características do turismo já acumularam perda de R$ 463,8 bilhões, segundo levantamento da CNC.

O Estados de São Paulo (R$ 199,9 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 57,1 bilhões), principais focos da pandemia no Brasil, lideram as perdas e concentram mais da metade (55,4%) da perda nacional, detalhou a entidade.

Em novembro, o clima era de otimismo com o ritmo da retomada do setor de serviços, já que o grau de isolamento social praticamente equiparou-se ao verificado imediatamente antes do início da pandemia, situando-se apenas 2,1% acima do nível de isolamento de fevereiro de 2020, destacou a pesquisa. Já a partir do fim de dezembro, o avanço da variante ômicron voltou a desestimular o aumento da circulação da população, elevando o isolamento social 6% acima do de fevereiro de 2020.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, considerou que os dados servem de alerta para o fato de que ainda não é o momento de relaxar em relação às medidas de contenção do vírus. “Com o avanço da vacinação, começamos a traçar o caminho da recuperação. Mas a pandemia ainda não acabou. Precisamos seguir atentos para evitar retrocessos na prevenção e na economia”, afirmou Tadros, em comunicado.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.