Moedas da AL mostram resiliência ao avanço dos yields nos EUA

Movimento indica que alta dos juros pode não desencadear a temida onda de vendas de ativos na região

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Bloomberg — Os rendimentos dos títulos dos Estados Unidos dispararam para o maior nível em quase dois anos na semana, mas as moedas latino-americanas fizeram algo estranho: se mantiveram estáveis, numa indicação de que o início da alta de juros nos EUA pode não desencadear a temida onda de vendas de ativos na região.

As moedas chilena, colombiana, peruana e mexicana estão todas com ganho no mês até o momento, mesmo com o rendimento do Treasury de 10 anos subindo 25 pontos base, na maior alta semanal desde setembro de 2019.

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A América Latina respondeu por quatro das oito maiores valorizações de moedas emergentes na semana passada. Apenas o real brasileiro caiu.

Não é assim que funciona normalmente. Quando os rendimentos dos EUA saltaram entre fevereiro e março e novamente de agosto a outubro, houve alta do dólar e as moedas latino-americanas caíram.

A elevação das taxas de juros do Chile ao México e maior prudência fiscal podem estar proporcionando resiliência a uma região que foi atingida pelo estresse dos mercados em 2013, quando o Federal Reserve começou a reduzir estímulos monetários existentes na época.

“Esta é uma primeira indicação de que há menos sensibilidade a uma maior volatilidade nos títulos do Tesouro dos EUA”, disse Alejandro Cuadrado, chefe de estratégia cambial global do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em Nova York. Isso “reforça nossa visão de uma janela de oportunidade para os emergentes e a América Latina no início do ano”.

O rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos encerrou a semana em 1,7655%, o maior desde janeiro de 2020, antes do início da pandemia.

Taxas mais altas

A América Latina aumentou as taxas de juros muito antes que o Federal Reserve sequer começasse a desacelerar o programa de compra de ativos, fornecendo alguma proteção às suas moedas.

O Chile elevou a taxa básica em 350 pontos-base para 4%, enquanto México, Peru e Colômbia aumentaram os juros em pelo menos 1,25 ponto percentual. O Banco Central do Brasil também agiu e subiu a Selic em 725 pontos base.

“A maioria dos países está melhor posicionada agora por causa dos aumentos das taxas e porque a política fiscal está sendo apertada”, disse Graham Stock, estrategista soberano de mercados emergentes sênior da BlueBay Asset Management em Londres. Ainda assim, “é muito cedo para concluir que eles perderam a sensibilidade”.

Mas há outra razão simples para o desempenho da América Latina -- muitas de suas moedas já estavam perto de mínimas recordes. A região é responsável por quatro das seis moedas emergentes com pior desempenho do ano passado.

“As moedas latino-americanas foram muito punidas em 2021”, disse Benito Berber, economista-chefe para a América Latina da Natixis em Nova York. “Há um argumento técnico, já que o mercado pode ter ficado comprado em dólar.”

Quando o estresse atingiu os mercados em maio de 2013, a história foi diferente. As moedas latino-americanas estavam estáveis ou se fortalecendo nos anos anteriores.

Hora da eleição

Mesmo assim, os investidores têm muito com que se preocupar na América Latina este ano. O peso colombiano já caminha para um recorde de baixa em meio à incerteza política sobre a eleição presidencial de maio, que pode resultar na vitória de um candidato de esquerda pela primeira vez. No Brasil, a eleição polarizada de outubro também manterá a moeda sob pressão.

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“Depois da experiência de todos com as eleições latino-americanas nos últimos dois anos, a tendência é vender primeiro e fazer perguntas depois”, disse Aaron Gifford, analista de dívida soberana de mercados emergentes do T. Rowe Price Group em Baltimore, acrescentando que os déficits fiscais e em conta corrente podem pesar sobre o peso colombiano.

“Os mercados emergentes têm feito tudo o que podem para construir sua resiliência, mas isso não significa que sejam à prova de balas”, disse Stock, da BlueBay.

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