Modal dispara 45% após compra pela XP; analistas veem ganho com minicontrato

Compra de banco com forte presença em mini contratos de câmbio e índices é positiva para a XP, segundo análise do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos

Papéis do Banco Modal disparam mais de 50% no pregão da B3 com investidores de olho no prêmio a ser pago pela XP para incorporar a instituição financeira
07 de Janeiro, 2022 | 06:23 PM
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São Paulo — A aquisição do Banco Modal (MODL3) pelo grupo financeiro XP (XP), anunciada nesta sexta-feira (7), foi recebida positivamente no mercado financeiro.

Os papéis do Modal chegaram a disparar mais de 50% no pregão da B3, mas terminaram o pregão com alta de 45,4%, uma vez que a transação prevê um prêmio de cerca de 50% sobre o preço de fechamento de ontem. Já as ações da XP subiram 2,4% na Nasdaq.

“Vemos o anúncio como positivo para ambas as partes. Para a XP, faz sentido ganhar mais exposição ao segmento B2C, especialmente considerando a forte presença do Modal no mercado de futuros (mini contratos de câmbio e índices)”, escreveram os analistas Otavio Tanganelli, do Bradesco BBI, e Maria Clara Negrão, da Ágora Investimentos, em nota comentando a transação divulgada antes da abertura da B3.

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A XP anunciou que a empresa firmou um acordo vinculante para a fusão com o Banco Modal, que será pago em 19,5 milhões de ações da XP recém-emitidas, o que representa cerca de R$ 3 bilhões de patrimônio líquido, implicando em prêmio de 35% nos últimos 30 dias das ações do MODL11, ou 53% para o fechamento de ontem. A transação ainda está sujeita à aprovação dos reguladores (SEC, Banco Central e Cade).

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“Do ponto de vista de avaliação, estimamos que seja justo, pois os múltiplos de aquisição com um desconto de 10-15% em relação ao da XP em uma base P/L 2022. Também esperamos uma reação positiva ao preço das ações do Modal, que deve incorporar em grande parte o prêmio de cerca de 50% sobre o preço de fechamento de ontem”, comentou a dupla de analistas.

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Prazo

A conclusão do negócio é prevista para um período de até 15 meses, segundo o fato relevante. “Espera-se que a operação seja concluída em até 15 meses contados desta data, a depender, em especial, da obtenção das aprovações regulatórias necessárias. O MoU [memorando de entendimento vinculante] poderá ser rescindido caso determinadas condições ali previstas sejam verificadas, e as partes do MoU deverão celebrar um Acordo de Associação refletindo os termos da operação”, cita o Modal.

O banco informou ainda que convocará assembleia geral para deliberar sobre a conversão de suas ações PN em ON, inclusive aquelas agrupadas na forma de units, sendo que cada ação preferencial será convertida em uma ação ordinária. Também será deliberada a migração da companhia do segmento de listagem nível 2 de governança corporativa da B3 para o Novo Mercado.

O acordo com a XP prevê ainda que o controlador do Modal, Diniz Ferreira Baptista, se comprometerá a assumir obrigações de não-competição com a XP e que deverá observar a obrigação de lock-up, com liberações graduais ao longo de cinco anos, com relação às ações clase A da XP. “Até a data da consumação da operação, as companhias permanecerão operando de forma independente”, diz o fato relevante, acrescentando que a incorporação de ações ensejará direito de recesso aos acionistas dissidentes. A relação de troca acordada pelas partes atribui uma quantidade de ações classe A e BDRs da XP equivalentes a 3,49% do capital social do grupo por 100% das ações do Modal.

(Atualizado às 18h20 com dados do fechamento dos mercados)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.