Qual foi o melhor investimento de 2021?

Commodities agrícolas batem desempenho de apostas mais tradicionais como Ibovespa, dólar e ouro e superam resultados de ações como Vale e Petrobras

Índices das bolsas americana e brasileiro acumularam perdas em 2021
30 de Dezembro, 2021 | 07:21 PM

Bloomberg Línea — Atualizado às 7h19 de 31 de dezembro de 2021 - Corrige para dizer no texto e na tabela que o índice S&P 500, de Nova York, fechou o ano com alta acumulada de 27%, não queda

Os ativos mais tradicionais do mercado financeiro não tiveram um desempenho muito positivo em 2021. O Ibovespa, ouro, minério de ferro, dólar, entre outros, ficaram atrás de praticamente todas as commodities agrícolas, sejam elas negociadas no Brasil ou no exterior. Enquanto as economias do mundo todo se preocupavam em estimular a demanda por bens de consumo, automóveis, entre outros, as populações seguiam consumindo alimentos e demandando maiores produções em todo o mundo. E ao que tudo indica, os alimentos continuarão caros em 2022.

A estrela de 2021 foi o café. Seja o produto negociado na B3 ou na bolsa de Nova York, a commodity apresentou uma valorização superior a 80% em ambos os mercados. A quebra na produção do Brasil e da Indonésia, bem como o crescimento menor que o esperado da safra da Colômbia impulsionaram os preços ao longo de todo o ano, diante de um consumo que não perdeu o fôlego por conta da pandemia.

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O ritmo de crescimento da demanda por café segue constante há anos, ao redor de 1% ao ano. No ciclo 2020/21 foram consumidas no mundo 163,41 milhões de sacas, volume que deve subir para 164,82 milhões na temporada 2021/22. Contudo, a produção está estimada em 167,47 milhões de sacas, volume quase 5% menor. Estados Unidos, Brasil e Japão, os três maiores consumidores de café do mundo, estão ampliando em 1,8%, 1,5% e 1,3%, respectivamente, seu consumo neste ano.

Em segundo lugar entre as commodities agrícolas aparece o algodão. A retomada da economia ao redor do mundo, especialmente ao longo dos três primeiros trimestres do ano, estimulou a indústria têxtil a elevar suas compras e preparar os estoques para atender a procura reprimida. Os preços na bolsa de Nova York acumularam ganhos superiores a 45% em 2021.

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Completando o top 3 aparece o milho. Já em patamares historicamente elevados, os preços do cereal subiram mais 30% em 2021 por conta da demanda da China. O país asiático continua estimulando o aumento da produção doméstica de aves e suínos e, consequentemente, elevando sua demanda de milho para produção de ração para alimentar seus rebanhos.

Entre os ativos mais tradicionais, o destaque do ano foi o petróleo. As cotações do óleo subiram mais de 50% ao longo de 2021, contribuindo para o aumento dos índices inflacionários ao redor do mundo. Por outro lado, ouro e minério de ferro acumularam perdas. O Ibovespa da bolsa brasileira também ficou no negativo. Consequentemente, papéis como Petrobras e Vale tiveram um desempenho bem abaixo do esperado em 2021.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.