Reino Unido: Plano de ‘aperto quantitativo’ do BoE pode trazer surpresas

Mercado busca adivinhar os passos do BoE a partir do relatório de estratégia publicado em meados do ano

Mercado vê Banco da Inglaterra como imprevisível após alta surpresa de juros
Por Libby Cherry e David Goodman (London)
23 de Dezembro, 2021 | 08:29 AM

Bloomberg — Já conhecido pela imprevisibilidade, o Banco da Inglaterra (BoE) poderia ficar muito mais indecifrável com uma nova ferramenta de aperto monetário em ação.

O chamado aperto quantitativo - a reversão de anos de compras de títulos do governo pelo BoE - poderia ser iniciado se o banco central britânico aumentar os juros para um nível-chave na próxima reunião em fevereiro. Ainda assim, com o risco das restrições da Covid-19 para o cenário econômico, operadores fazem apostas sobre quando e como a estratégia será introduzida.

Surpreender investidores e analistas tem se tornado uma marca registrada do BoE, com respostas drásticas do mercado a decisões que marcam uma mudança depois de anos de relativa calma. E paparicar os mercados não parece estar na agenda do atual presidente do BoE, Andrew Bailey, ou do economista-chefe, Huw Pill.

“Agora realmente é um cenário do tipo ‘reunião após reunião’”, disse, Sanjay Raja, economista para o Reino Unido do Deutsche Bank em Londres, e um dos poucos a prever o aumento dos juros pelo BoE na reunião de dezembro.

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O mercado busca adivinhar os passos do BoE a partir do relatório de estratégia publicado em meados do ano. Assim que a taxa de referência chegar a 0,5%, o banco central disse que vai parar de rolar os títulos em vencimento, reduzindo o portfólio automaticamente quando as dívidas terminarem. Isso tem levado a apostas em uma curva mais inclinada dos gilts, os títulos do Tesouro britânico, já que dívidas de prazo mais longo suportariam o peso do aperto quantitativo.

Estrategistas de bancos como Deutsche Bank, RBC Capital Markets, Nomura International e Mizuho International projetam que a taxa do BoE alcançará o nível de 0,5% em fevereiro de 2022. Isso resultaria em um resgate de 28 bilhões de libras (US$ 37 bilhões) com vencimento em março, que sairiam do balanço do banco central e marcariam o fim das intervenções do BoE no mercado em um futuro próximo.

O próximo passo do BoE significaria uma potencial venda ativa de gilts depois que a taxa chegar a 1%, nível que os mercados monetários acreditam que será atingido em agosto.

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Na prática, como o governo do Reino Unido deixou a porta aberta a novas restrições da Covid-19 e com casos próximos a níveis recordes, analistas alertam que o impacto na economia pode impedir uma implementação direta da estratégia de aperto quantitativo.

  dfd

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