Clima severo destrói sudeste da Ásia com 200 mortos e portos fechados

Mais de 440 mil pessoas foram desalojadas pelo Rai, que atingiu as Filipinas na última quinta-feira

Pessoas desabrigadas e interrupção de atividades industriais
Por Siegfrid Alegado - Yantoultra Ngui
20 de Dezembro, 2021 | 08:43 PM

Bloomberg — A Malásia e as Filipinas foram atingidas por eventos climáticos severos, deixando um rastro de destruição entre as nações mais vulneráveis a desastres naturais.

O supertufão Rai, antes de atingir as Filipinas na quinta-feira (16), deixou 208 mortos em seu caminho, segundo autoridades locais. Mais de 440 mil pessoas foram desalojadas pelo Rai, com cerca de um milhão de afetados, disse Mark Timbal, porta-voz do Conselho Nacional de Gestão e Redução de Risco de Desastres, em uma coletiva nesta segunda-feira (20).

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Na península da Malásia, um fim de semana de chuvas torrenciais desalojou mais de 61 mil pessoas, bloqueou estradas e interrompeu o transporte. A chuva de 17 a 18 de dezembro totalizou a média de um mês, segundo a agência de notícias Bernama, citando o secretário-geral do Ministério de Meio Ambiente e Águas, Zaini Ujang. As chuvas diminuíram no domingo e as enchentes também.

Paralizações em portos

As operações em Port Klang, na Malásia, o segundo maior porto do Sudeste Asiático, foram severamente afetadas, conforme informado pelas autoridades no sábado. A entrega de cargas e a atracação de navios serão adiadas nos próximos dias, pois as estradas de acesso estão danificadas e muitos funcionários não podem comparecer ao trabalho.

As autoridades portuárias disseram que priorizariam a entrega de bens essenciais, como alimentos e suprimentos médicos, por enquanto. Credores, incluindo o RHB Bank e o OCBC Bank estão oferecendo assistência aos clientes afetados.

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A interrupção ocorre dias depois que a Intel revelou um investimento de US$ 7,1 bilhões na Malásia e disse que espera que a escassez global de chips dure até 2023. O país é um importante centro de testes de chips e eletrônicos, e atrasos nas remessas podem agravar os problemas na cadeia de suprimentos, que afetaram a economia mundial.

A BE Semiconductor Industries, da Holanda, informou que os atrasos resultantes das inundações em sua unidade de produção de Shah Alam, na Malásia, podem levar a uma queda sequencial de 15% a 20% na receita do quarto trimestre, excedendo o guidance anterior de uma redução de 5% a 15%.

A japonesa Nihon Dempa Kogyo, fabricante de produtos de cristais de quartzo usados em telecomunicações e equipamentos industriais, disse que sua planta na Malásia foi danificada e precisará de tempo para retomar a produção. A Notion VTEC da Malásia disse que sua fábrica que faz a usinagem de controle numérico computadorizado foi afetada.

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A tempestade poupou o maior setor de luvas de borracha do mundo, segundo o presidente da Associação de Fabricantes de Luvas de Borracha da Malásia, Shanmugam. É “apenas um pequeno hiato em termos de serviços de transporte, que já está voltando ao normal”, disse ele em uma resposta por e-mail às perguntas.

A Top Glove e a Hartalega têm instalações em Selangor, um estado industrializado ao redor de Kuala Lumpur e um dos mais atingidos.

‘A comida está acabando’

No sul das Filipinas, o tufão mais forte que atingiu o país derrubou as linhas de energia, deixando mais de 200 cidades e vilas sem eletricidade, enquanto o sinal de telefone permanece indisponível em muitas áreas. Alguns terminais marítimos e aéreos retomaram as operações, permitindo atividades de socorro.

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“A comida está acabando”, disse a vice-presidente das Filipinas, Leni Robredo, sobre as ilhas Dinagat, uma província da região de Mindanao que ela visitou na manhã de segunda-feira (20). “Não há energia, água e nenhum meio de comunicação funcionando.”

Mais de 54 mil casas foram danificadas, disse Timbal. Na ilha turística de Siargao, primeiro lugar onde o Rai atingiu o continente, os danos podem chegar a US$ 400 milhões, relatou o Philippine Daily Inquirer, citando um oficial local.

O presidente filipino, Rodrigo Duterte, disse no sábado (18) que vai liberar 2 bilhões de pesos (US$ 40 milhões) em ajuda às áreas afetadas, enquanto o primeiro-ministro da Malásia, Ismail Sabri Yaakob, no domingo (19), disse que 100 milhões de ringgit (US$ 23,7 milhões) seriam alocados para reparar os danos, e as famílias afetadas receberiam 1.000 ringgit cada.

A perda econômica anual devido a desastres no sudeste da Ásia é estimada em US$ 86,5 bilhões, de acordo com um relatório de 2020 da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia e o Pacífico.

--Com a ajuda de Cecilia Yap e Ravil Shirodkar.

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