Petrobras aprova deixar capital da Braskem por meio de follow-on

Oferta de ações, esperada para 2022, será feita em conjunto com o grupo Novonor (ex-Odebrecht) e prevê novo Acordo de Acionistas

A Novonor, ex-Odebrecht, contratou o Morgan Stanley para vender sua participação de 38,3% na Braskem como parte dos esforços para se recuperar após o escândalo de corrupção no Brasil, enquanto a Petrobras tem 36,1% de uma das maiores petroquímicas do mundo
16 de Dezembro, 2021 | 09:20 AM

São Paulo — O conselho de administração da Petrobras aprovou o modelo de venda de até 100% das ações preferenciais que detém na Braskem, a ser conduzido por meio de oferta pública secundária (follow-on), em conjunto com a Novonor (ex-Odebrecht), controladora da petroquímica, que é a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, informou a estatal, nesta quinta-feira (16).

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Um “term sheet” foi celebrado entre a petroleira e a Novonor, firmando o compromisso de realizar a oferta e estabelecendo diretrizes com o objetivo de migração da Braskem para o Novo Mercado, nível mais elevado de governança corporativa da B3.

“Como primeiro passo neste sentido, Petrobras e Novonor, em complemento ao pedido já encaminhado pela Novonor, solicitarão que a Braskem realize os estudos e análises necessários sobre a migração, a qual deve compreender a realização de determinados atos, dentre eles, as adaptações necessárias de governança com as respectivas aprovações societárias. Com a migração haverá a negociação e assinatura de um novo Acordo de Acionistas”, informou a Petrobras.

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O fato relevante acrescenta que, como parte dos compromissos assumidos no “term sheet”, Petrobras e Novonor firmaram também um aditamento ao atual Acordo de Acionistas da Braskem, prevendo futura alteração da disciplina do direito de preferência da Braskem em novos negócios no setor petroquímico.

Em agosto, a Bloomberg divulgou que uma oferta pública de ações era uma das alternativas consideradas nas negociações. Novonor e Petrobras vem tentando vender a Braskem há anos, sem sucesso. A Braskem é considerado um ativo valioso para a Novonor, um conglomerado que está lutando para se recuperar após o escândalo de corrupção que deixou a indústria da construção de joelhos e levou muitos executivos à cadeia. A Novonor pagou milhões em multas em outros países da América Latina e viu seu pipeline de projetos diminuir. As participações da Braskem na Novonor são dadas como garantia para empréstimos de bancos brasileiros, incluindo o banco de desenvolvimento BNDES.

Também em agosto, a Braskem confirmou que a Petrobras havia contratado o banco norte-americano J.P. Morgan para assessoramento financeiro de eventual venda de participação detida pela estatal do petróleo na companhia petroquímica. Já a Novonor contratou o Morgan Stanley para assessorá-lo para vender a companhia. Em 28 de junho, o jornal Valor Econômico noticiou que os fundos Advent, Apollo, Blackstone e Mubadala são apontados como candidatos ao ativo, bem como as empresas Sabic, Formosa Plastics, Sinopec e a LyondellBasell, que há dois anos esteve perto de levar a Braskem, com expectativa de alcançar um acordo de venda até o fim deste ano.

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No último dia 9 de dezembro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou, sem citar fontes, que a ideia em análise era realizar o “follow on” no início de fevereiro, informação que a Petrobras disse, naquele dia, que não havia ainda decisão sobre prazo para a realização da transação.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.